segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Comparem e Tirem Suas Conclusões

      Eis as duas músicas que concorreram ao Oscar. Sinceramente, acho que indicam filmes e canções brasileiras para concorrerem ao Oscar só para terem o gosto de verem a empolgação e a decepção brasileiras.






domingo, 26 de fevereiro de 2012

Angústia

Silvia Costa da Silva

Eu te espero
Cansada da espera
Que a espera dá.
É complicado revelar
As coisas que vão pelo coração
Em um tufão louco e animal.
Será que existe dor pior que esta?
Só se for a dor de outra espera
Que, porém, tem a certeza de que não virás.

Eu te espero aqui
Com coragem e afinco
Pois tenho a certeza do ombro amigo
Que hás de me dar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Viva Jobim

      Não desfazendo dos atuais compositores, sejam eles ou elas, não nos esqueçamos nunca da genialidade inesgotável de Tom Jobim, que nos legou músicas belíssimas, merecedoras de homenagens muitas e infindas, com a realizada no Grammy deste ano.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O Segredo

Silvia Costa da Silva


Muitas pessoas neste mundo questionam: qual o segredo?
Qual o segredo para ser feliz?
Qual o segredo para ser amado?
Qual o segredo para achar graça nas coisas?
Qual o segredo para ter esperanças no amanhã?
Qual o segredo para bem relacionar-se?
Qual o segredo?

Qual o segredo para envelhecer feliz?
Ou para não envelhecer?
Qual o segredo para sorrir mais do que chorar?
Ou para chorar com dignidade?
Para andar na chuva sem sentir frio?
Para sentir calor nos dias frios?
Qual o segredo?

Para olhar-se no espelho com satisfação?
Para ter autocrítica sem se ferir?
Para construir coisas belas de situações feias?
Qual o segredo para por em dia todas as coisas
Tendo sabedoria para descartar somente as desimportantes?

Qual o segredo?
Qual o segredo?

O segredo é não saber o segredo!
Viver não tem fórmulas.
O segredo é sentir que se descobriu o segredo
Quando geramos mais sorrisos do que críticas.
Aprendizados em conjunto.
Congraçamento de vontades, de sonhos, e por que não? De ilusões.

Neste momento, geralmente, pensamos na mesma canção
Que está na cabeça do amigo.
Cantarolamos do nada...

E muitas pessoas nesta hora questionam: ainda há segredo?

O Amor Acaba

Paulo Mendes Campos

      O amor acaba.
      Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois do teatro e do silêncio.
      Acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar.
      De repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel, ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinza o escarlate das unhas.
      E acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados; e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado.
      Na insônia dos braços luminososos do relógio. Mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia.
      No sábado depois de três goles mornos de gim à beira da piscina.
      Em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadeza, onde há mais encantos que desejo.
      Em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero.
      Nos roteiros de tédio para o tédio, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada.
      Em cavernas de sala e quartos conjugados, o amor se eriça e acaba.
      No inferno o amor não começa.
      Na usura o amor se dissolve.
      Uma carta que chegou depois, o amor acaba.
      Uma carta que chegou antes, o amor acaba.
      O amor acaba na descontrolada fantasia da libido.
      Às vezes acaba na mesma música que começou, no mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes.
      No coração que se dilata e quebra e o médico sentencia imprestável para o amor.
      Às vezes o amor acaba como se fosse melhor nunca ter existido, mas pode acabar com doçura e esperança.
      Uma palavra muda e articulada e acaba o amor: na verdade, no álcool, de manhã, de noite, na floração excessiva da primavera, no abuso do verão e na dissonância do outono.
      Em todos os lugares, a qualquer hora e por qualquer motivo o amor acaba.
      Acaba para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto."

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Adele, uma estranha (bem-vinda) no ninho espalhafatoso da música pop

      Cantora britânica se torna o fenômeno de vendas sem precisar de coreografias rebolativas nem letras de cunho sexual como suas oponentes
      Rodrigo Levino, Revista Veja

Cantora britânica Adele bate recordes de venda
(Sean Gallup/Getty Images)
      Em 2008, quando Adele lançou o seu primeiro disco, 19, foi saudada como a nova Amy Winehouse. Mas, a bem da verdade, afora as referências ao gênero musical e uma predisposição para tratar das próprias angústias em suas composições, são duas artistas distintas. Amy, sem rumo e dada a excessos; Adele, uma antimusa recatada.
      É essa a imagem que ela mantém em 21, seu segundo disco, lançado aqui em abril deste ano. A voz de timbre rouco e potente serve de suporte a canções com letras confessionais que por pouco não passam da conta no açúcar - muito diferente de Amy e sua verve romântica tresloucada. Adele também se diferencia no rol de influências, lançando mão de folk e rhythm’n’blues em suas composições.
      A maioria das letras da diva rechonchuda fala de namoros fracassados e de dificuldades de adequação social. A cantora nunca negou que trate de sua vida nas canções. Tanto que deu margem a que um ex-namorado pensasse em processá-la, alegando direito aos royalties das faixas que teria inspirado. Loucuras à parte, 21 é um disco que confirma Adele entre as expoentes da sua geração.
      Canções como Rolling in the Deep, Someone Like You, Set Fire to The Rain e Lovesong (versão de música já gravada pela banda The Cure) impulsionaram as vendas de seus discos, 19 e 21 - os números correspondem à sua idade na época do lançamento. Do dia para a noite, Adele deixou de ser uma branquela redonda e chorosa para se tornar, até agora, o maior fenômeno de vendas do ano. 
      Desde 1990, quando Madonna lançou The Immaculate Collection, uma mulher não ficava em primeiro lugar por dez semanas consecutivas na parada inglesa. Adele foi lá e bateu a marca. Nos Estados Unidos, ela ultrapassou a soma de 1 milhão de discos vendidos e obrigou Lady Gaga, depois de Born This Way despencar 84% nas vendas de uma semana para outra, a disputar palmo a palmo um lugar na parada de sucessos.
      Para o crítico de música da revista americana The New Yorker, Sasha-Frere Jones, Adele é prestigiada nos Estados Unidos por um público branco, de meia-idade, que não sabe fazer download e precisa ir à rede de café Starbucks comprar discos. O que justificaria a explosão nas vendas.
      Sem muito talento para a dança nem as coreografias de apelo sexual, resta a Adele fazer o que lhe cabe bem: cantar. Produzido por nomes experientes do ramo, como Rick Rubin (Johnny Cash, Red Hot Chilli Peppers e The Gossip) e Paul Epworth (Cee Lo Green), 21 chegou ao topo como um elemento estranho, cercado por beldades como Rihanna, Shakira e Britney Spears. E deve se manter por uma mistura de talento e qualidade. Pedir autenticidade no soul de boutique que Adele canta já seria demais.

Comentário do blog: Não sei se o fato se deve à cultura brasileira, mas é incrível como o repórter não conseguiu escapar da obviedade de bater na tecla da questão do phisique du rôle da cantora...



2012- o fim do mundo

Kledir Ramil
     
      Segundo as leituras que andam fazendo do calendário Maia, em 2012 estaremos chegando ao fim do mundo. Gostaria de aproveitar a oportunidade e me despedir de todos. Foi um prazer ter vocês como companheiros de viagem durante esses anos em que estivemos nos equilibrando sobre essa bola simpática, que gira pelo céu a uma velocidade espantosa de 1674 km/h. Isso mesmo, é mais que a velocidade do som. Nunca consegui entender como é que a gente não cai e nem perde o equilíbrio, o que, a essas alturas, já não importa mais.
      Eu achava que iria acabar antes do mundo e já estava me preparando para receber a recompensa que me foi prometida. Todas as religiões afirmam que a gente vai sair dessa pra outra melhor, desde que se comporte direito. Fiz meu dever como um aluno aplicado e abri mão de tudo que era proibido. Me dediquei à prática das virtudes e, com enorme esforço, evitei os pecados. Alguns bem interessantes. Levei uma vida de santo, com o objetivo claro de alcançar a vida eterna, num quarto com vista pro infinito, um mínimo de conforto e regalias, sem ter que me preocupar com contas para pagar.
      Agora, comecei a ficar preocupado. Caso se confirmem essas previsões de uma grande catástrofe definitiva, não sei se as promessas das igrejas serão cumpridas. Sim, porque uma coisa é morrer sozinho e ser recebido no céu com carinho e atenção. Outra coisa é chegar um bando de 7 bilhões de almas querendo entrar no portão. Quem vai organizar isso? Será que tem lugar pra todo mundo? Será que o pessoal está preparado? Se em um teatro com lotação esgotada já é difícil segurar o público que ficou sem ingresso, imagina uma situação dessas.
      Estou começando a me sentir como aquele cara que apostou na bolsa tudo o que tinha e saiu lesado. Tenho um patrimônio de vida que me daria direito a uma série de privilégios para todo o sempre. Mas se a coisa sair do controle, quem me garante? Mesmo que consigam organizar o engarrafamento do registro de entrada, periga eu ficar numa fila interminável com gente exaltada gritando “isso é o fim do mundo!”. O que não deixaria de ser verdade.
      Era só o que me faltava. Acho uma maldade com um cara que teve uma vida exemplar. Não era isso que eu esperava da vida eterna.
      Tomara que as previsões estejam erradas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Navegar É Preciso

Fernando  Pessoa

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,

transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.

Só quero torná-la grande,

ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;

ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso.

Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue

o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir

para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.


[Nota de SF

"Navigare necesse; vivere non est necesse" - latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 aC.,

dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida

de Pompeu]

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Va Pensiero, Da ópera nabucco de verdi

 

 

 

Va Pensiero

Va', pensiero, sull'ali dorate.
Va', ti posa sui clivi, sui coll,
ove olezzano tepide e molli
l'aure dolci del suolo natal!
Del Giordano le rive saluta,
di Sionne le torri atterrate.
O mia Patria, sì bella e perduta!
O membranza sì cara e fatal!
Arpa d'or dei fatidici vati,
perché muta dal salice pendi?
Le memorie del petto riaccendi,
ci favella del tempo che fu!
O simile di Solima ai fati,
traggi un suono di crudo lamento;
o t'ispiri il Signore un concento
che ne infonda al patire virtù
che ne infonda al patire virtù
al patire virtù!
 
Vá, pensamento, sobre as asas douradas
Vá, e pousa sobre as encostas e as colinas
Onde os ares são tépidos e macios
Com a doce fragrância do solo natal!
Saúda as margens do jordão
E as torres abatidas do sião.
Oh, minha pátria tão bela e perdida!
Oh lembrança tão cara e fatal!
Harpa dourada de desígnios fatídicos,
Porque você chora a ausência da terra querida?
Reacende a memória no nosso peito,
Fale-nos do tempo que passou!
Lembra-nos o destino de jerusalém.
Traga-nos um ar de lamentação triste,
Ou o que o senhor te inspire harmonias
Que nos infundam a força para suportar o sofrimento.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Motivo

Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Oração ao Tempo

Caetano Veloso







     
És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...










































sábado, 4 de fevereiro de 2012

Também já fui brasileiro

Carlos Drummond de Andrade
Fonte: www.memoriaviva.com.br


Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.


Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.


Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Tempo



Mário Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Língua Brasileira

      "Outro dia eu vinha pela rua e encontrei um mandinho, um guri desses que andam sem carpim, de bragueta aberta, soltando pandorga. Eu vinha de bici, descendo a lomba pra ir na lancheria comprar umas bergamotas…’
       Se você não é gaúcho, provavelmente não entendeu nada do que eu estava contando.
No Rio Grande do Sul a gente chama tangerina de bergamota e carne moída de guisadoBidê, que a maioria usa no banheiro, é nome que nós demos para a mesinha de cabeceira, que em alguns lugares chamam de criado-mudo. E por aí vai. A privada, nós chamamos de patente. Dizem que começou com a chegada dos primeiros vasos sanitários de louça, vindos da Inglaterra, que traziam impresso ‘Patent’ número tal. E pegou.
      Ir aos pés no RS é fazer cocô. Eu acho tri elegante, poético. ‘Com licença, vou aos pés e já volto’. Uma amiga carioca foi passear em Porto Alegre e precisou de um médico. A primeira coisa que ele perguntou foi: ‘Vais aos pés normalmente, minha filha?’ Ela na mesma hora levantou e começou a fazer flexão.
      O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes. 
      No Rio de Janeiro é ‘e aí merrmão! CB, sangue bom!’ Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou tempo. Pra conseguir se comunicar, além de arranhar a garganta com o ‘erre’, você precisa aprender a chiar que nem chaleira velha: ‘vai rolá umasch paradasch inschperrtasch.’.
      Na cidade de São Paulo eles botam um ‘i’ a mais na frente do ‘n’: ‘ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo o que eu tô veindo’. E no interiorr falam um ‘erre’ todo enrolado: ‘a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira’. Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
      Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora. Doidemais da conta, sô! Qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: ‘Muié, pega os trem que o bicho ta vindo’.
      No Nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó évóinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes. As frases são sempre em escala descendente, ao contrário do sotaque gaúcho.
      Mas o lugar mais interessante de todos é Florianópolis, um paraíso sobre a terra, abençoado por Nossa Senhora do Desterro. Os nativos tradicionais, conhecidos como Manezinhos da Ilha, têm o linguajar mais simpático da nossa língua brasileira. Chamam lagartixa de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (quedeve ser lido rôschca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne, precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ovo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. Dizem que isso tudo vem da colonização açoriana, inclusive a pronúncia deliciosa de algumas expressões, como ‘si quéisch quéisch, si não quéisch, disch’.
Se você estiver por lá, viajando de carro, e precisar de alguma informação sobre a estrada pra voltar pra casa, deve perguntar pela ‘Briói’, como é conhecida a BR-101.
      Em Porto Alegre, uma empresa tentou lançar um serviço de entrega a domicílio de comida chinesa, o Tele China. Só que um dos significados de china no RS é prostituta. Claro que não deu certo. Imagina a confusão, um cara liga às duas da manhã, a fim de uma loira, e recebe como sugestão Frango Xadrez com Rolinho Primavera e Banana Caramelada.
      Tudo isso é muito engraçado, mas às vezes dá problema sério. A primeira vez que minha mãe foi ao Rio de Janeiro, entrou numa padaria e pediu: ‘Me dá um cacete!!!. Cacete pra nós é pão francês. O padeiro caiu na risada, chamou-a num canto e tentou contornar a situação. Ela ingenuamente emendou: ‘Mas o senhor não tem pelo menos um cacetinho?
      (N. do T. – mandinho é garoto, carpim é meia, bragueta é braguilha, pandorga é pipa, bici é bicicleta, lomba é ladeira, lancheria é lanchonete.)
 
RAMIL, Kledir. Tipo Assim. Porto Alegre:RBS Publicações, 2003.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Crying In The Rain

Fonte: http://www.vagalume.com.br/

Crying In The Rain A-Ha
I'll never let you see
The way my broken heart is hurting me
I've got my pride and I know how to hide
All my sorrow and pain
I'll do my crying in the rain

You won't know the rain from the tears in my eyes
You'll never know that I still love you so
Though the heartaches remain
I'll do my crying in the rain

Could never take away my miserySince we're not togetherI'll "pray" for stormy weather
To hide these tears I hope you'll never see
Someday when my crying's done
I'm gonna wear a smile and walk in the sun
I may be a fool
But till then, darling, you'll never see me complain
I'll do my crying in the rain
Since we're not together
I'll pray for stormy weatherto hide these tears
I hope you'll never see
Someday when my crying's done
I'm gonna wear a smile and walk in the sun
I may be a foolBut till then, darling, you'll never see me complain
I'll do my crying in the rain
I'll do my crying in the rain
I'll do my crying in the rain

Chorando na Chuva A-Ha 
Eu jamais te deixarei perceber
Como meu coração partido está me machucando
Eu tenho meu orgulho e sei como esconder
Toda a minha tristeza e sofrimento
Eu farei meu pranto na chuva

Você não distinguirá a chuva das lágrimas em meus olhos
Você jamais saberá que ainda te amo tanto
Embora os desgostos permaneçam no coração
Eu farei meu pranto na chuva

Jamais poderiam lavar meu sofrimento
Mas, uma vez que não estamos juntos
Eu esperarei por um tempo chuvoso
Pra esconder as lágrimas que eu espero que você jamais perceba

Eu vou exibir um sorriso e caminharei sob o sol
Posso parecer um tolo
Mas até lá, meu bem, você nunca me verá reclamar
Eu farei o meu pranto na chuva

Eu esperarei por um tempo chuvoso
Pra esconder as lágrimas
Que eu espero que você jamais perceba
Algum dia, quando meu pranto estiver acabado
Eu vou exibir um sorriso e caminharei sob o sol
Posso parecer um tolo
Mas até lá, meu bem, você nunca me verá reclamar
Eu farei o meu pranto na chuva
Eu farei o meu pranto na chuva
Eu farei o meu pranto na chuva.