domingo, 30 de setembro de 2012

Uma tarefa irrecusável


Ana Ferraz

Carta Capital

Há 36 anos o jornalista e escritor Audálio Dantas vive com um projeto que lhe ronda a mente dia após dia. Uma tarefa que define como irrecusável. Neste ano, deu forma à obra em que conta a sua versão acerca do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, ocorrido em 1975 na sede do Destacamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa (DOI-Codi), do II Exército, em São Paulo. “Muitas vezes me indignei com as versões dadas ao caso”, diz Audálio, que à época presidia o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo. No dia seguinte à morte de Vlado, então diretor de Jornalismo da TV Cultura, o sindicato fez circular uma nota de repúdio à versão oficial de suicídio. “As consequências são históricas.”
A Saga refeita. No livro de Audálio Dantas, o destaque à indignação do Sindicato dos Jornalistas diante da versão para a morte de Vlado
O trabalho que resulta em As Duas Guerras de Vlado, nas livrarias a partir de 5 de outubro, exigiu enfrentar antigos medos, vasculhar a memória, apontar inverdades “e até omissões propositais”. E, como repórter que Audálio jamais deixou de ser, analisar o que foi publicado e entrevistar os que de alguma forma tomaram parte na história.
O autor reconstitui a saga da família Herzog desde a fuga da Iugoslávia durante a Segunda Guerra, acompanha o garoto Vlado na adaptação ao novo país e sua trajetória até aquele que na versão oficial foi um “tresloucado gesto por ter se conscientizado da sua situação e estar arrependido da sua militância”. Herzog estava morto. O livro de Audálio Dantas iniciava fase germinal.
O Tribunal de Justiça de São Paulo acaba de acatar pedido da viúva de Vlado, Clarice, e da Comissão da Verdade e mandou retificar a certidão de óbito de Herzog. No lugar de suicídio, a partir de agora constará no documento que “a morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (DOI-Codi)”.



As duas guerras de Vlado Herzog
Audálio Dantas
Civilização Brasileira, 406 págs.
R$39,90

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Aos 84 anos, morre o cantor Andy Williams, autor de 'Moon River'

Jornal do Brasil


Foi anunciada pelo site TMZ, nesta quarta-feira (26), a morte do cantor Andy Williams, aos 84 anos, intérprete da música-tema do filme Bonequinha de Luxo, o clássicoMoon River.
De acordo com o site, o artista sofreu uma parada cardíaca, na noite de terça-feira (25), em sua casa no Branson (Califórnia), depois de uma longa batalha contra um câncer na bexiga. Williams, que já ganhou nove discos de ouro e cinco de platina, já teve seu próprio show de televisão, o The Andy Williams Show.
O artista sofreu uma parada cardíaca na noite de terça-feira, em sua casa na Califórnia 
O artista sofreu uma parada cardíaca na noite de terça-feira, em sua casa na Califórnia 
O cantor já se apresentou ao lado de grandes nomes da música como Ella Fitzgerald, Judy Garland, Sammy Davis Jr., Dorival Caymmi e Tom Jobim. Nas últimas décadas, Williams - que deixou sua mulher Debbie e os filhos Robert, Noelle, e Christian, era conhecido por seus CDs natalinos.




Temos o direito de doutrinar as crianças?!

Antônio Ozaí
Blog da REA


ANTONIO OZAÍ DA SILVA*

Becky Fischer é pastora evangélica e seu rebanho são as ovelhinhas, as crianças. Ela é especialista em evangelizar os pupilos e os seus pais. O ela ensina? Ela ensina a intolerância religiosa. Sua ideologia é a mesma dos grupos religiosos de extrema direita que apoiaram George W. Bush. Aliás, numa das cenas, os meninos e meninas estendem os seus braços em direção à imagem do ex-presidente dos EUA para abençoá-lo. Religião e política mesclam-se perigosamente.

A mensagem evangélica de Becky Fischer e sua turma é política, porém apresentada com as máscaras da religião. Há um agravante: o público alvo não é os adultos, mas sim as crianças – embora os pais estejam envolvidos neste projeto e o apoiem. O objetivo de Fischer é formar os futuros guerreiro de Deus. Ela defende abertamente a necessidade de doutrinar as crianças e transformá-las em soldados de Deus. Entrevistada por Mike, ela defende seu ponto de vista:
Mike – Falamos com Becky em Bismark, Dakota do Norte. Ela é pastora infantil e dirige um acampamento de verão para crianças evangélicas lá em Dakota. Becky, como está?
Becky – Estou muito bem.
Mike – Por que crianças, por que elas deveriam ser o novo exército de Deus? Por que usam crianças para fazer isso?
Becky – Qualquer um que trabalhe com crianças sabe que a razão pela qual trabalha com crianças é porque tudo o que aprendem na idade de 7, 8, 9 anos ficará lá pelo resto da vida… e existem estatísticas que podem investigar…
Mike – Eu conheço as estatísticas, mas você usou o termo “aprender”. A palavra “aprender” é diferente de “doutrinar”. Deus nos deu um cérebro, Deus nos deu a liberdade de escolher e aprender é parte desta escolha. E acredito que cada vez que o movimento fundamentalista, Becky, interfere com isso, nós estamos prejudicando a evolução da humanidade.
Becky – Não acho que nenhuma criança faça nada por escolha. Pelo que entendi, sua pergunta foi se concordo que está correto que o fundamentalismo doutrine suas crianças com suas crenças. Acredito, basicamente, que sim. Porque todas as outras religiões estão doutrinando suas crianças.(…) Gostaria de ver mais igrejas doutrinando.
Mike – Pode se dizer a uma criança qualquer coisa. Assim como eu digo, pode dizer a uma criança… pode transformar uma criança em um soldado que carrega um AK-47.
Becky – Pode chamar de lavagem cerebral, mas sou apaixonada e radical em ensinar às crianças sobre sua responsabilidade como cristãos, assim como temerem a Deus, como americanos, se quiserem chegar…
Mike – Bom Becky, deixe-me lhe fazer uma pergunta. Como ignorar que, de repente, estamos criando soldados crianças para o Partido Republicano? O que isto tem a ver com qualquer coisa que Cristo disse sobre como devemos viver nossa vida na Terra?
Becky – É… Não tenho certeza… Não conheço igrejas que tenham agendas políticas. Eu não persigo as minhas crianças politicamente… sinto que, sabe…porque ao mesmo tempo, quero dizer… não tenho nenhum problema em dizer às minhas crianças que estamos a favor da vida.
Mike – Eu digo Deus está nos observando… (…) E Deus tem um lugar muito especial para aquelas pessoas que maltratam nossas crianças. Não é um lugar bonito.
Becky – Não caio nessa, Mike.
Mike – Sabe o que sempre fez com que este país fosse especial? O que sempre diferenciou este país é que existe algo que chamamos de separação entre Igreja e Estado. Isso é algo que sempre nos separou e tem separado por 200 anos. Isto funcionou. Eu respeito seu direito como fundamentalista de ensinar às crianças qualquer coisa que queira, mas não deixe que o sangue manche o setor público. Não deixe que manche de sangue as escolas.
Becky – Não concordo com você, o cristianismo é importante. Acreditamos que é a religião mais importante do mundo porque transforma a vida das pessoas.
Mike – Mas Becky, é uma poção de bruxa e irá se apoderar da democracia.
Becky – Sabe, acho que a democracia é o maior sistema político na Terra, mas só isso, é o único… o único sobre a Terra… e em última instância está desenhado para destruir a si mesmo, porque temos que dar a todos a mesma liberdade e isso no final será o que vai nos destruir. E então o mundo perfeito não vai ser perfeito até que Jesus seja o verdadeiro Senhor.
Mike – Becky, obrigado por estar conosco.
Becky – De nada.
Mike e Becky Fischer
Peço desculpar pela longa citação, mas a entrevista sintetiza as questões principais presentes no documentário Jesus Camp (O Acampamento de Jesus)*, na sociedade estadunidense e em qualquer lugar no qual o fundamentalismo religioso se manifeste. O desenlace da entrevista mostra bem a impossibilidade de dialogar com tais pessoas. Elas se veem como porta-vozes de Deus, missionárias de uma guerra santa para instituir o reino de Deus na terra. Elas dizem que Deus é Onipresente, Onisciente e Onipotente. Por que, então, Deus precisa delas para se fazer ouvir?
Pessoas como Becky Fischer consideram-se indivíduos especiais, intérpretes inquestionáveis da palavra de Deus, da verdade revelada a elas! Veem-se como a voz de Deus, portadores da verdade absoluta. Se dependesse delas, as fogueiras da inquisição permaneciam a arder e a queimar os ateus, hereges, mulheres que abortam, defensores da descriminalização do aborto, gays e lésbicas, que elas consideramanormais e aberrações da natureza. Conservadores até a medula, não suportam a mínima alteração no que consideram a ordem natural das coisas. Na cruzada contra omal, isto é, contra tudo o que não se encaixe em sua tacanha concepção do mundo, veem-se como os salvadores de almas e imaginam ter o mandato divino para manter-nos no reto caminho do Senhor!
Becky Fischer organiza anualmente o Acampamento de Jesus. As cenas mostram crianças em transe, chorando convulsivamente, aos gritos. Os soldados-mirins de Deus “aprendem” o criacionismo e são “ensinados” a desvalorizar a ciência e a negar-se a aprender teorias que não estejam de acordo com as suas crenças. O documentário mostra que entre os pais que retiraram os filhos do ensino formal reconhecido pelo Estado, a maioria é evangélicos. A pastora “ensina” que o aquecimento global é um mito da ciência. Nem Harry Potter escapa da sua língua afiada, considerado discípulo do demônio.
O mais impressionante é a atitude das crianças, a forma como elas se envolvem e se entregam emocionalmente. O documentário acompanha a rotina de Rachel, Tory e Levi. As atitudes e falas destas crianças são reveladoras do poder da doutrinação. Os métodos “pedagógicos” adotados por Becky, temos que reconhecer, são eficazes. E ela faz um de todos os recursos que facilitem o “aprendizado” das crianças. Por outro lado, é assustador e inquietante observar como as crianças se transformam, a fé cega que os movem, as ações que revelam e nutrem a intolerância. Elas se consideram portadores da inspiração divina, membros do exército de salvação do Senhor.
A entrevista reproduzida acima deixa bem claro a argumentação da pastora. Ela não ver nenhum problema em doutrinar as crianças, pelo contrário, considera legitimo e justifica – inclusive se referindo à formação das crianças sob o islamismo. O entrevistador diferencia “ensinar” de “doutrinar”. Particularmente, concordo com ele. Não obstante, precisamos refletir sobre os limites entre um e outro. A verdade é que, em qualquer cultura, em qualquer sociedade, as crianças são moldadas à imagem e semelhança dos adultos, ou seja, das verdades, crenças e costumes da sociedade adulta. Esta é uma função da religião, mas também da escola, família e outras instituições sociais. Em que medida estes processo de formação das crianças está vinculado ao “ensinar”? Ou é doutrinação?
O argumento de Becky Fischer chama a atenção por seu extremismo, mas fico a pensar sobre o que fazemos com as nossas crianças sob formas de “doutrinação suave”. O fato é que nenhuma criança nasce cristã, islâmica ou judaica, mas é a família e outras instituições sociais que as transformam segundo a religião que seguem. Que direito temos de doutrinar nossos filhos, nossas crianças? De qualquer forma, não é só a religião que doutrina, mas também instituições laicas e ideologias seculares. Na verdade, todos querem controlar as mentes e as almas das crianças. Talvez um dia aprendamos a educar as nossas crianças sem os recursos das religiões, dos ismos e sem a tutela do Estado. Quem sabe ainda aprendamos a educar para a liberdade e nos libertemos de todos os fundamentalismos, sejam eles de cunho religioso ou político-ideológico!
Ficha Técnica
Título: O Acampamento de Jesus
Título original: Jesus Camp
Gênero:Documentário
Diretor:Heidi Ewing e Rachel Grady
Duração:84 min.
Ano de Lançamento:2006
País de Origem:E.U.A.


ANTONIO OZAÍ DA SILVA é professor do Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Maringá.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Freddie Mercury completaria 66 anos nesta quarta-feira

Jornal do Brasil


Se estivesse vivo, Freddie Mercury completaria 66 anos nesta quarta-feira (5). O cantor morreu em novembro de 1991, de broncopneumonia, em decorrência da Aids.
Ele entrou para a história não apenas por ser o vocalista e líder do grupo Queen, mas também por ser considerado um dos melhores cantores de todos os tempos, servindo de inspiração e sendo copiado pelas novas gerações.
Para marcar a data, Freddie Mercury deve ganhar diversas homenagens ao redor do mundo, com tributos, bandas cover e até uma versão do cantor no jogo Angry Birds, que estampará algumas camisetas. Parte do dinheiro arrecadado será destinado para a Mercury Phoenix Trust, instituição de caridade que ajuda pessoas com Aids no mundo inteiro - administrada pelos ex-integrantes do Queen, Brian May e Roger Taylor.
Freddie Mercury é um dos maiores ícones da música pop mundial
Freddie Mercury é um dos maiores ícones da música pop mundial