Chico Buarque completa seus 68 anos nesta terça-feira, 19. Filho do historiador Sérgio Buarque de Holanda, ele tem como grande destaque em sua carreira as composições musicais, além dos diversos livros publicados e peças montadas.
Arquivo/AE
Na política participou ativamente da luta contra a ditadura no Brasil. Seu primeiro interesse pela música foi aos cinco anos de idade, quando começou a recortar dos jornais e colar em um álbum retratos dos principais artistas do rádio na época. Ainda na infância, mudou para a Itália devido ao trabalho do pai. Lá, além de aprender outras línguas, teve contato com diversos artistas que frequentaram a casa da família, como Vinícius de Moraes. Compôs pequenas operetas em 1956, quando a família já estava de volta ao Brasil.
Se envolveu brevemente com uma seita ultraconservadora católica, mas seus pais, preocupados com as influências que o jovem estava recebendo, o enviaram para um internato. Quando voltou acabou preso devido a um furto de carro com um colega, sendo impedido de circular sozinho até os 18 anos de idade. No mesmo período publicou suas primeiras crônicas em um jornal do colégio.
Sua primeira composição é de 1961, Canção dos Olhos. Seguindo um desejo da família acabou entrando em arquitetura na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), mas não ficou muito tempo no curso, percebendo que seu caminho estava na arte. Em 1965 participou do I Festival de Música Popular Brasileira com a canção Sonho de Carnaval.
Foi nesta competição que conheceu Elis Regina, a grande vencedora da noite. No mesmo ano lançaria seu primeiro compacto Pedro Pedreiro e Sonho de Carnaval. Conheceu também Caetano Veloso, frequentador do bar João Sebastião, reduto da bossa nova paulista.
Ganhou o Festival no ano seguinte com a música A Banda (dividindo o primeiro lugar com Disparada de Théo Barros). Com o sucesso da composição, mudou-se para o Rio de Janeiro onde gravou seu primeiro LP, Chico Buarque de Hollanda. Ainda em 1966 conheceu a atriz Marieta Severo Lins, com quem acabaria se casando.
Passou a trabalhar em diversas frentes que incluiam a composição de um segundo disco, canções para teatro (como o infantil O Patinho Feio) e a gravação de programas na Rádio Jovem Pan e na TV Record.
Em 1967 estreou como ator interpretando a si próprio no filme Garota de Ipanema. Com a ditadura militar em vigor no Brasil, participou dos protestos contra o regime. Após o início do Ai-5, teve a peça Roda Viva censurada e foi investigado pelo CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Em discordância com o momento político vivido pela país, se auto-exilou na Itália em 1969, onde chegou a lançar dois LP.
Foi neste período que nasceu seu primeira filha: Sílvia Severo Buarque de Holanda. Retornou ao Brasil em 1970 e lançou seu quarto disco. Nesse ano também compôs Apesar de Você que vendeu mais de 100 mil cópias e se tornou um hino contra a ditadura.
Quatro anos depois, ele entraria em um novo ramo das letras quando escreveu sua primeira novela: Fazenda Modelo. Iniciaria então um longo período fora dos palcos, onde continuou trabalhando em novas músicas, trilhas sonoras, peças de teatro e romances. Nesse período, participou apenas de espetáculos com causas sociais como o show no dia 1º de maio. Cantou também em em outros países, sempre trabalhando por causas políticas.
Na década de 80 manteve sua luta contra o regime militar no Brasil compondo e militando pelo o fim da ditadura. Em 1991 lançou seu primeiro romance Estorvo. O segundo viria em 1995, Benjamin. Estorvo viraria filme no final dos anos 90 e Benjamin iria para as telas em 2003. Publicou ainda Budapeste que também chegou aos cinemas.
Ao longo de sua carreira, Chico Buarque lançou 53 discos, escreveu peças como Opera do Malandro e Calabar, além de obras infantis, como Chapeuzinho Amarelo.