terça-feira, 31 de julho de 2012

Gabriela': por que remake de clássico da dramaturgia não nos fascina?

Jornal do Brasil
Heloisa Tolipan


Esmero estético e carisma de Juliana Paes não bastam para que trama de Walcyr Carrasco decole


No dia 18 de junho, o remake de um dos maiores sucessos da nossa teledramaturgia, 'Gabriela', estreou no recente horário de novelas instituído pela Rede Globo, às 23h. A antecessora e primeiro investimento da emissora nessa faixa foi 'O Astro', outra refilmagem de um folhetim clássico da televisão brasileira.  
As expectativas em torno do remake de 'Gabriela' eram, naturalmente, gigantescas. No ano em que Jorge Amado, escritor do romance que baseia a novela, falecido em 2001, completaria 100 anos de vida, produzir a segunda versão da trama seria uma homenagem e tanto! Para aumentar a responsabilidade, a Rede Globo investiu na atrizJuliana Paes para viver o papel-título, interpretado divinamente por Sônia Braga na primeira versão, em 1975. Até estrear, 'Gabriela' gerou, tanto no público quanto na crítica, a impressão de que seria arrebatadora. Mas parou por aí. 
Quem assiste ao folhetim percebe o capricho da produção em todos os detalhes. Da fotografia ao figurino dos personagens, passando pelos lindos cenários, tudo funciona muito bem. O autor Walcyr Carrasco, experiente na arte de escrever sucessos como 'O Cravo e a Rosa' e 'Chocolate Com Pimenta', respeita o texto original de Jorge Amado e dá a sua cara aos diálogos da trama. Núcleos funcionam bem (o Bataclã é incrível!) e, é claro, não podemos deixar de falar da Gabriela versão 2012, interpretada por Juliana Paes. A atriz está em plena forma física e profissional, madura e correta, fazendo tudo como manda o figurino.
Juliana Paes na pele de Gabriela, no remake que não estourou como era esperado...
Juliana Paes na pele de Gabriela, no remake que não estourou como era esperado...
Então por que razão a novela não gerou todo o buzz esperado? Há hipóteses. Em relação a 'O Astro', 'Gabriela' é mais emblemática. Em outras palavras, a trama baiana representou, para a maioria dos brasileiros, um "avanço de pensamento coletivo" muito maior no contexto em que foi exibida. Durante a ditadura severa pela qual o país passou, as pessoas enxergavam na novela uma liberdade sexual e de comportamento rara. Onde chegamos? 
Em 2012, quase nada é censurado. Temos permissão para fazer muito mais do que há 37 anos. Os espectadores parecem valorizar menos essa liberdade ingênua de Gabriela. Prova disso foi a baixa audiência (17 pontos) do capítulo no qual a cena antológica da protagonista subindo no telhado para pegar uma pipa foi exibida. Nesses tempos, quem liga para ver uma calcinha aparecendo de relance enquanto há nudez banalizada o tempo todo na TV, jornais, revistas, internet, outdoors, etc? Coincidência ou não, o núcleo da novela que mais faz sucesso entre os telespectadores é o Bataclã, um bordel.
Outro fato a ser considerado é: 'Gabriela' está sendo exibida simultaneamente à 'Avenida Brasil', um fenômeno da teledramaturgia em todos os sentidos. Os fãs assíduos de novelas têm focado na trama escrita por João Emanuel Carneiro, que prende a atenção das pessoas ao desenrolar a história protagonizada por Carminha (Adriana Esteves) e Nina/Rita (Débora Falabella). Sendo assim, mesmo que os dois folhetins sejam exibidos em horários distintos, "Avenida' gera uma tensão e uma torrente de comentários e especulações que, aparentemente, dispersa os telespectadores ao final de cada capítulo, dificultando a imersão em outro enredo. 
O que queremos aqui é entender por que a mágica da novela não se repetiu ou superou aquele encanto da primeira versão. Sabe-se que não há fórmulas para alcançar o sucesso, mas, diante de um contexto, é possível dissecar e compreender os motivos pelos quais ele não chegou com a força esperada, como no caso de 'Gabriela'. Ainda há tempo para estourar?

domingo, 29 de julho de 2012

Música está cada vez mais alta e menos original

Carta Capital


Em um estudo que reforça a opinião de muitas mães, uma análise de computador de mais de meio milhão de músicas gravadas entre 1955 e 2010 comprovou que a música pop ficou mais alta e menos original, segundo resultados publicados pelo periódico Nature Scientific Reports.

Mais de meio milhão de músicas gravadas entre 1955 e 2010 foram analisadas. Foto: Andrej Isakovic/AFP

“Conseguimos demonstrar como o nível global de altura das gravações de músicas tem aumentado consistentemente com o passar dos anos”, explicou por e-mail o autor do estudo, Joan Serra, do Conselho Nacional de Pesquisas da Espanha.
De forma similar, a equipe descobriu que a diversidade de acordes e melodias “diminuiu consistentemente nos últimos 50 anos”.
“Isto gera uma receita para modernizar canções antigas, usando mudanças de acordes mais comuns, alterando os instrumentos usados na canção e gravando em um tom mais alto”, afirmou Serra.
O estudo foi realizado com uma variedade de gêneros, como rock, pop, hip hop, metal e música eletrônica.
Sem mencionar as canções pelo nome, a pesquisa analisou apenas a música em algoritmos de números e símbolos em busca de padrões.
“Grande parte das evidências coletadas aponta para um grau elevado de convencionalismo, no sentido de bloqueio ou não evolução, na criação e na produção da música popular contemporânea ocidental”, destacou o estudo.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Ausente da festa, Marisa Monte é a maior vencedora no 1º Prêmio Contigo! MPB!

Jornal do Brasil
Heloisa Tolipan

Brasileiro gosta de festa. Festa com música boa, então, nem se fala. Esse foi o caso do 1º Prêmio Contigo! MPB Brasil de Música, realizado ontem (23), na casa de shows Miranda, no Rio de Janeiro. A premiação é uma parceria da rádio carioca MPB FM e da Revista Contigo!, com o objetivo de promover a nossa cultura e valorizar o trabalho dos artistas brasileiros, tanto dos experientes quanto dos novatos. 

O evento, apresentado pela atriz Leandra Leal, a Maria do Rosário em 'Cheias de Charme', e pelo cantor Léo Jaimepremiou em 11 categorias e homenageou o cantor recém-descoberto Filipe Catto. Todos os concorrentes e convidados estavam ali para celebrar a música brasileira e torcer uns pelos outros. Só se ouvia lamentos pela ausência de Marisa Monte, Gal Costa, Criolo e Zeca Pagodinho, que estavam envolvidos com seus compromissos profissionais, mas enviaram representantes para receber os seus prêmios
A primeira agraciada da noite foi a cantora Gal Costa e toda a equipe de produção do CD 'Recanto', que ganhou na categoria Melhor Álbumde  MPB. Kassin, produtor musical e um dos responsáveis pela concepção do disco ao lado de Caetano Veloso, foi até lá para receber o prêmio. "Meu nome é Gal!", disse ele ao subir ao palco, tentando imitar o tom de voz agudo da cantora, para fazer rir quem estava na plateia. 
Arlindo Cruz recebeu das mãos da cantora Teresa Cristina o prêmio de Melhor Álbum de Samba por 'Batuques e Romances'. Em seguida, Criolo ganhou mais um louro por seu aclamado 'Nó Na Orelha', na categoria Melhor Álbum Pop/Rock. O cantor não pôde estar lá, mas agradeceu em um vídeo: "Queria agradecer pelo prêmio, mas também por esse encontro, que tem tudo a ver com música". Zeca Pagodinho foi vencedor na categoria Melhor DVD, mas quem recebeu seu prêmio foi o cantor Seu Jorge
Na hora de anunciar o ganhador na categoria Melhor Álbum Independente, Maria Gadú fez uma brincadeira, levando todos às gargalhadas. "E o vencedor é... A Carminha!", disse a cantora, fazendo alusão à personagem de Adriana Esteves em 'Avenida Brasil'. "É que eu estou pensando na novela", completou, rindo, quando finalmente chamou ao palco, para receber o prêmio pelo álbum 'O Deus Que Devasta Mas Também Cura', o cantor Lucas Santanna, que foi ao evento acompanhado de sua namorada, a atriz Camila Pitanga
Um momento de contemplação durante o Prêmio aconteceu quando o homenageado da noite, Filipe Catto, adentrou o palco para cantar o seu maior sucesso: 'Adoração'. A voz de Filipe invadiu cada canto da casa de apresentações e foi impossível não se emocionar. "No palco é onde eu estou de corpo e alma", afirmou o cantor, antes da perfomance.
Deu vontade de chorar quando Kassin entregou o prêmio de Melhor Instrumentista ao baterista Wilson das Neves, pela participação no álbum 'Chico', de Chico Buarque. Wilson foi aplaudido de pé por todos os convidados enquanto discursava. "Vocês imaginam: eu, nessa altura da vida, com 58 anos de profissão, ganhar o primeiro prêmio da minha carreira por fazer o que eu mais gosto: tocar meu instrumento", declarou, emocionado.
Na categoria Top Digital, o grupo Paralamas do Sucesso levou a melhor, assim como Pitty e Martin, em Projetos Especiais. O prêmio de Melhor Cantora pelo júri foi para Marisa Monte, representada pelo músico Dadi. Já o público escolheu Ana Carolina nessa categoria. Ney Matogrosso venceu na categoria Melhor Cantor, de acordo com os jurados, mas, no voto popular, Lenine foi o campeão. 
Os fãs concederam a Marisa Monte o prêmio de Melhor Música por ainda 'Ainda Bem'. Nessa categoria, a mais importante da noite, Seu Jorge também se deu bem, já que o júri escolheu 'A Doida' como a Melhor Música do ano. Para fechar o espetáculo, Gaby Amarantossubiu ao palco e fez todo mundo se jogar ao som do seu tecnobrega. Não poderia ser melhor. Não poderia ser mais MPB.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A morte não terá domínio


Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo
Li que Samuel Beckett dizia que quem morria passava para outro tempo. Não queria dizer outro mundo, com um presumível outro clima. Referia-se ao tempo do verbo. Entre todas as mudanças provocadas pela morte havia essa: o morto passava irremediavelmente ao pretérito. Era bom pensar assim. A morte acontecia no mundo antisséptico das palavras e das regras gramaticais, nada a ver com a decomposição da carne. O "é" transformava-se em "era" e "foi", e pronto. A migração do morto, em vez de ser da vida para o nada, era só entre categorias verbais.
A vida vista como uma narrativa literária nos protege do horror incompreensível da morte. Podemos nos imaginar como protagonistas de uma trama, que mesmo quando não é clara indica alguma coerência, em algum lugar. O próprio Beckett só escreveu sobre isso: a busca de uma trama, qualquer trama, por trás do aparente absurdo da experiência humana. E um enredo, ou um sentido que faça sentido, só pode ser buscado na narrativa literária, no encadear de palavras que leva a uma revelação, mesmo que esta não explique nada, muito menos a morte. E se falar, falar, falar sem cessar, como fazem os personagens do Beckett na esperança de que aflore algum sentido não der resultado, pelo menos está-se fazendo barulho e mantendo a morte afastada. A literatura tem essa função, a de uma fogueira no meio da escuridão da qual a morte nos espreita. Ou de uma matraca contra o silêncio final. Vale tudo, mesmo a garrulice incoerente de um personagem do Becket, contra a escuridão e o silêncio.
Num poema que fez sobre seu pai moribundo Dylan Thomas o insta a reagir ferozmente contra o esvaecer da luz - "Rage, rage against the dying of the light" - e a não se entregar à morte sem uma briga. Não sei se o Beckett encontrou o consolo que procurava pelos seus mortos na ideia de que tinham apenas mudado de tempo de verbo mas imagino que, como Dylan Thomas na sua poesia inconformada, tenha recorrido à literatura como um meio de negar à morte o seu triunfo. Ninguém morre. Há apenas uma revisão na narrativa da sua vida para atualizar o tempo dos verbos. Outra vez Dylan Thomas: "And death shall have no dominion", e a morte não terá domínio.
Diz-se que quem morreu "já era", o que é o mesmo que dizia o Beckett com mais sensibilidade. Mas Beckett queria dizer mais. Os personagens de narrativas literárias mudam do tempo presente para o tempo passado mas continuam no mundo, mesmo que no mundo restrito dos livros e das estantes. Salvo, talvez, os cupins e as traças, nada ameaça a sua perenidade. "São" eternamente.

domingo, 8 de julho de 2012

‘Na música, o que dá dinheiro é sempre burrice’, diz Hermeto Paschoal


Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Carta Capital

Brasília – O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, que acaba de lançar o DVD Hermeto Brincando de Corpo e Alma feito apenas com sons obtidos a partir do corpo,  tem muito a ensinar. Apesar de ser o professor dos sonhos para muitos estudantes, o músico tem encontrado muitas dificuldades para emplacar um de seus maiores projetos: o Templo do Som, uma escola de música que, além de repassar sua vasta experiência de vida, tem a ambição de ensinar músicos e pretensos músicos a fugir dos padrões cada vez mais comuns à música contemporânea.
O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal. Foto: Galeria de Galeria de ataelw/Fickr
“Infelizmente não tive apoio financeiro de ninguém. Se eu quisesse montar outra coisa para fazer sensacionalismo e que desse mais dinheiro… mas [na música] o que dá dinheiro é sempre burrice. O câncer da alma chama-se dinheiro”, lamenta o multi-instrumentista que ainda não conseguiu patrocínio para fazer o projeto ir adiante. “Hoje estão dando cursos de música eletrônica até nas universidades. É triste, porque esse é o tipo de coisa dirigida a quem, na verdade, não é músico. Usar computador é programar a alma. E quem é músico [de verdade] não quer saber disso”.
Para Hermeto, as escolas de música tendem a fazer com que músicos repitam formas musicais já existentes, sem agregar aquilo que considera a matéria-prima da boa música: o sentimento. “O que não se pode é colocar o saber na frente do sentir”, disse ele à Agência Brasil. “Na teoria [musical] é a mesma coisa. Colocar teoria é colocar o saber na frente do sentimento. Aprender teoria não é aprender música. Você tem de ter a música na cabeça inclusive para poder escrevê-la, até porque, depois de terminar uma música, eu tendo a esquecê-la totalmente”.
Hermeto diz o que falta para tocar o projeto Templo do Som. “Preciso apenas de um lugar que dê para fazer minha escola, para educar o pessoal por meio da música, passando minha experiência de vida e todas as coisas que sinto, sem padronizações e sem cobrar caro dos alunos”, diz. “Patrocinador que não tem inteligência musical não vai me patrocinar. E eu também não vou procurá-lo. Quero alguém que, de fato, ame a música”.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

110 Anos Drummond


Crônica no "Jornal do Brasil", em abril de 1977: "Se eu fosse consultado" 


Se eu fosse consultado
(Quinta-feira, 14 de abril de 1977
Carlos Drummond de Andrade
Se me dessem a honra de ouvir-me sobre as reformas políticas, eu recomendaria uma ideia bem mais revolucionárias do que as da própria Revolução. E muito mais salutar: a eleição integral, em que todos os brasileiros, mas todos, sem exceção das crianças, hoje tão sabidas, escolhessem seus representantes e dirigente, sob a forma de voto mental absoluto, sem papagaiadas formalísticas.
Os mandatos teriam a duração exemplar de 24 horas, o que eliminaria angústias e infartos, e poderiam ser, não digo cassados, pois julgo a expressão extremamente antipática, mas revogados, caso no fluir dos minutos o eleitor achasse que fizera má escolha. Em compensação, poderiam ser renovados na manhã seguinte e nas outras manhãs, sempre que o eleitor se mantivesse contente com os mandatários e não quisesse experimentar outros. Desta maneira teríamos a cada sol, ou a cada dia de chuva, governo e representação popular novos, que, se fossem ótimos, poderiam ser confirmados quando o galo cantasse outra vez (o galo ou a serraria do bairro), e, caso não dessem no couro, teriam feito o menor mal possível à mente do seu eleitor.
Já sei que impugnariam o meu projeto, apontando-lhe mil inconvenientes, entre os quais o de provocar a anarquia governamental e legislativa, pois não haveria um só presidente, e sim talvez milhões,  dada a tendência de muito eleitor a votar em si mesmo, o que se repetiria para a eleição para governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores. Podendo até dar-se o caso de  um mesmo indivíduo eleger-se simultaneamente para todas essas funções. Como governar, como elaborar leis desta maneira?
Bem, eu já previa esta objeção principal, como tantas outras, e afirmo que a explanação da ideia fará com que ela rutile em seu justo e convincente esplendor. Os órgãos políticos assim constituídos não trariam a menor perturbação à vida do país. Pelo contrário, só poderiamofertar-lhe benefícios, pela soma de boas influências de cada eleito, no ânimo de seu respectivo eleitor. A democracia funcionando dentro de nós, com eficácia, e não supostamente do lado de fora, sujeita a esbarrões e desvios. Nisso consiste a beleza do meu sistema. 
Eu, por exemplo, me daria o prazer, ou o privilégio, de ser governado em 1° de janeiro por mestre Alceu Amoroso Lima. Para renovação da alegria, meu presidente no dia 2 seria Maria Clara Machado (Que diabo, então mulher inteligente não pode assumir o posto?) Depois seria a vez de César Lates, Vinícius de Moraes, Paulo Duarte, Prudente de Morais, neto, essa folha-de-malva que se chama Henriqueta Lisboa, Aliomar Baleeiro, Luis da Camara Cascudo, Fayga Ostrower, Pedro Nava, Francisco Mignone, Enrico Bianco, Eliseth Cardoso, Orígenes Lessa, Fernanda Montenegro ... Tudo gente boa, de respeito. E de imaginação. Estes, e outros assim, os meus presidentes ao longo do ano. Meus vizinhos escolheriam os deles.
Página do JB com a crônica "Se eu fosse consultado", publicada em 14 de abril de 1977 
Página do JB com a crônica "Se eu fosse consultado", publicada em 14 de abril de 1977 
Ninguém brigando por motivo de ambição. Em santa paz, cada qual seria governado, orientado, instigado pela figura de sua dileção. Por serem de jurisdição limitada ao âmbito das pessoas que os elegessem, não colidiriam entre si tantos presidentes, situados na extensão infinita ( e mínima) de nossas preferências pessoais. Todos nós, eleitores, nos sentiríamos impelidos, na esfera individual, a fazer o melhor possível, sob esse comando abstrato. E vivendo e trabalhando cada um de nós ao influxo de tal regência moral, este seria um país que não precisaria criar calos nos pé e na alma para ir pra frente.
Bem, insistirão ainda os opositores: E quem governaria de fato o Brasil, quem faria leis para serem realmente executadas? Ora, pergunta vã. Se na prática tais poderes podem ser concentrados numa só pessoa, minha proposta consiste apenas em estender esta faculdade, no plano ideal, que também conta, a todos os integrantes da comunidade. Sem bulha nem ameaça à segurança nacional, e com plena consciência de todo mundo.