quarta-feira, 28 de março de 2012

Morre aos 88 anos no Rio o escritor Millôr Fernandes

Jornal do Brasil

      Morreu no Rio, aos 88 anos, o escritor Millôr Fernandes. Ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. O velório está marcado para quinta-feira (29), das 10h às 15h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária. Em seguida, o corpo será cremado.
      Millôr chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul, em 2011.
Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos. No final dos anos 60, foi um dos fundadores do jornal "O Pasquim".
      Depois, escreveu várias peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Millôr em entrevista ao 'JB', onde trabalhou nos anos 80 e 90
Millôr em entrevista ao 'JB', onde trabalhou nos anos 80 e 90

      Atualmente, mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. 

No Jornal do Brasil

      Em 1985, Millôr passou a colaborador do Jornal do Brasil, com espaço cativo na seção Opinião na página 11 - com suas frases e desenhos temperados com seu habitual humor sútil e enxuto. Trabalho que realizou com um perfeccionismo irremediável até 24 de novembro de 1992, quando comunicou aos seus leitores que sairia de férias para descansar um pouco. 

Blog Hoje na História

      "Morrer é uma coisa que se deve deixar sempre para depois". Com este pensamento Millôr Fernandes viveu 88 anos bem vividos antes de que sua saga chegasse ao fim em decorrência de falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

      "Não vou apresentar Millôr Fernandes: quem o conhece sabe que eu teria que escrever várias páginas para apresentar uma figura tão variada em atividades e talentos". Faço dessas palavras de Clarice Lispector, citadas na abertura de uma entrevista do início dos anos 70 feita ao artista, o prefácio para lembrar um pouco da trajetória de Millôr. Até porque, mencioná-lo como um dos grandes humoristas que o país já fez, é confirmar o óbvio.
      Graficamente, Millôr foi um conjunto de traços intencionalmente mal-acabados, agressivos, coloridos. Textualmente foi irreverente, inúmeras vezes virulento, construído sobre o humor das situações sociais, políticas e religiosas, o que lhe rendeu bastante indisposição contra censores nos encrudescidos anos de chumbo. Mas deixemos prevalecer a sua (dele) própria definição: "Estou sempre contra e solto. Eu faço de tudo. Minha busca é total!"
      Modesto?! Não coube a Millôr ser modesto. Diante das tantas peripércias em que se aventurou, por que ser modesto? Sem estilo, sem medo e sem papas na língua, o dono de uma versatilidade admirável, foi pintor, poeta, autor de teatro, compositor... deixando uma generosa contribuição para a cultura brasileira.
      Millor Fernandes nasceu Milton Viola Fernandes em 16 de agosto de 1923. Carioca do Méier, leonino metódico, ainda menino ficou órfão de pai e mãe, e logo separado de três irmãos, aprendeu a ser feroz defensor de sua vida, habituando-se a batalhar cada passo e a traçar o seu destino. Uma realidade bastante distante da até então família classe média com um casarão na Zona Norte da cidade. Naquela época, sem dúvida, nenhum cientista social apostaria em seu futuro promissor... Eram tempos da pobreza envergonhada, que marcariam sua história. Mas engana-se que ousou pensar que estas agruras o fizeram amargo. Muito pelo contrário. Soube como poucos fazer humor, sorvendo da vida o que valia a pena, se dando o luxo de viver fazendo o que gostava. Sim, havia doses de causticidade, às vezes, cavalares.
      Foi no fim da adolescência que virou Millôr, uma brincadeira com a sua própria assinatura. Achou mais sonoro, artístico do que Milton. Estava certo. Nessa época ingressou no jornalismo. Atribuia a Tio Viola, chefe da gráfica da revista 'O Cruzeiro', este mérito. A publicação, uma das mais concorridas da época, rendeu-lhe projeção no meio da mídia e abriu portas para novos vôos.Lá permaneceu até 1962, quando foi demitido pelo escândalo que causou com a publicação da A verdadeira história do paraíso, encerrando uma história de 25 anos de colaboração.
      Em jornais passou pelo Diário da Noite, O Jornal e o Última Hora, antes de - no final dos anos 1960 - tornar-se um dos fundadores do "O Pasquim", semanário reconhecido por seu humor ousado e inteligente, ativo instrumento de combate ao regime militar. Conciliava com a experiência a autoria de diversos tipos de peças teatrais, fase em que se tornou também o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.

 

      No início de fevereiro de 1985, passou a colaborador do Jornal do Brasil, com espaço cativo na seção Opinião na página 11 - onde não poupou em suas frases e desenhos temperados com seu habitual humor sútil e enxuto. Trabalho que realizou com um perfeccionismo irremediável até 24 de novembro de 1992, quando comunicou aos seus leitores que sairia de férias para descansar um pouco. Em carta enviada ao editor, entretanto, disse que não voltaria por discordar da publicação de críticas de leitores que não fossem "importantes" ou "respeitáveis pela argumentação". Esse era Millôr...
      Na literatura, foram inúmeros títulos de sucesso, entre eles Trinta anos de mim mesmo, Que país é este?, Ministério das perguntas cretinas e Fábulas fabulosas.
      Certa vez, Millôr foi questionado: _"Medo de morrer"?
      Não titubeou, foi certeiro:_"Não. A eternidade deve ser pior do que morrer..."

      Agora, onde quer que esteja, deve estar rindo de tudo, de todos e de si mesmo.

      Frases da coleção de Millôr:
"Divagar e sempre".
"Mesmo quando escrevo sem intenção de fazer humor, as pessoas riem".
"Nunca pertenci a partidos políticos, nunca fui escoteiro, nunca fui religioso e nunca tive problemas sexuais".
"Achar que podemos deixar alguém nos restringir parcialmente a liberdade é igual achar que podemos perder parcialmente a virgindade".
"Quem se curva aos opressores mostra o traseiro aos oprimidos".
"Como são admiráveis as pessoas que não conhecemos bem".
"Não sou mestre. Na verdade me acho um semestre".

Morre a cantora Ademilde Fonseca, a 'Rainha do Chorinho'

O Dia



Cantora de 91 anos de idade e 71 de carreira sofreu um mal súbito em casa, em Ipanema

      Rio -  A cantora Ademilde Fonseca, de 91 anos, morreu no fim da noite desta terça-feira, na Zona Sul do Rio. Conhecida com a Rainha do Choro, ela sofreu um mal súbito em sua casa, no bairro de Ipanema. Segundo a família, o enterro será realizado nesta quarta-feira, no cemitério São João Batista, em Botafogo, mas o horário ainda não foi definido. Ela deixa uma filha, a cantora Eimar Fonseca, três netas e quatro bisnetos.
      Segundo a neta Ana Cristina, Ademilde Fonseca tinha problemas cardíacos, mas vinha se apresentando normalmente. Sua morte surpreendeu a família. No último fim de semana ela fez shows em Porto Alegre. Na véspera de sua morte, havia gravado dois programas para a Globo News. A Rainha do Chorinho tinha 71 anos de carreira.
      Ademilde Fonseca Delfino nasceu em Pirituba, no município de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Suas interpretações a consagraram como a maior intérprete do choro, gênero da música popular e instrumental brasileira. Trabalhou por mais de dez anos na extinta TV Tupi e seis discos renderam mais de meio milhão de cópias.
      A Rainha do Chorinho ainda atuou muitos anos nas rádios Tupi e Nacional. Além de fazer sucesso no Brasil, regravou grandes sucessos internacionais e se apresentou em outros países. Ela é considerada a criadora do choro cantado e também foi a primeira cantora nordestina a encantar o país com esse gênero. A cantora contou em recente entrevista que a música 'Tico-Tico no Fubá' foi a primeira canção em que colocou letra em um chorinho.