segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

'Um dia, descobri que dava prejuízo', diz Nando Reis


Aos 30 anos de carreira, cantor avisa: caiu na rede


Sonia Racy - Direto da Fonte - O Estado de S.Paulo
Nando Reis se prepara para um 2013 de arrasar. Vai viajar muito com Os Infernais ("eu amo essa banda"), levando o show Sei, baseado em seu mais recente álbum, a todo o País. E também quer iniciar novos projetos pela internet, agora que pegou gosto pela coisa – como está sem gravadora, resolveu vender as 15 faixas do disco na rede mundial, ao estilo "pague-o-quanto-acha-que-vale", e está gostando muito do resultado.
 - Paulo Giandalia/AE
Paulo Giandalia/AE
Aos 49 anos, top ten dos direitos autorais e com mais de 315 mil seguidores no Twitter e meio milhão no Facebook, Nando descobriu que pode ser feliz como artista independente. Por isso, tomou as rédeas das finanças e abriu uma empresa para administrar seus negócios.
O "ruivão" falou com a coluna na sala de estar de sua casa, rodeado de discos antigos, CDs, livros, o Grammy Latino 2012 por De Repente (em parceria com Murilo Rosa, do Skank) e, claro, muitos itens dedicados ao Tricolor do Morumbi. "Tenho fé que vou ver, já nesta quarta-feira, meu São Paulo campeão outra vez", diz, referindo-se à decisão da Copa Sul-Americana. "Desde que o Muricy Ramalho saiu, a gente não ganhou nada. Mas estou esperançoso com o Ganso, o cara é craque, é divino!".
Pai de cinco filhos, e casado pela segunda vez com a mãe de quatro deles, Nando se revela um paizão e avisa que deu um tempo na análise – talvez por causa dos Infernais. Se ele se deu alta? "Não, pulei o muro do hospício". É, 2013 promete.
NANDO REIS - Por que resolveu lançar um disco na internet?
Porque eu faço discos e essa é uma ideia que está perdendo o lugar dentro do mercado. Cabe a mim proteger o que eu tenho a oferecer. E as lojas de discos estão fechando, a galope, porque não se compram mais discos. E, se estão fechando, as pessoas não têm onde comprar meus discos. Por isso, abri minha loja na internet – algo que só se tornou possível porque estou sem gravadora.
NANDO REIS - E os internautas pagam o que quiserem pelas músicas?
O problema é que, depois de 30 anos em gravadoras, eu realmente não sei quanto cobrar. Fiquei muito tempo assistindo à filosofia das gravadoras – do "lucro muito alto e muito rápido". Taí uma coisa que nunca entendi: por que uma gravadora prefere vender dez por trinta a vender trinta por dez. Agora, tenho a chance de descobrir quanto meu público está disposto a pagar.
NANDO REIS - E como está sendo?
Tem dias em que está mais alto, outros em que cai... Quando aumenta muito, vendo menos. É mercado puro.
NANDO REIS - É um modelo a ser seguido por outros artistas?
Não sei se serve para os outros. Mas serve pra mim.
NANDO REIS - Preferiu ficar sem gravadora já pensando em iniciar esse processo na internet?
Nunca foi minha intenção ser independente, não era um sonho. E, hoje, vejo como eu era acomodado... Só quando você sai é que percebe algumas coisas, tudo que você perde. Porque as gravadoras são muito ortodoxas, pouco flexíveis. Mas a verdade é que, matematicamente, eu era prejudicial, era vermelho...
NANDO REIS - O "ruivão" era vermelho? Nando Reis dava prejuízo?
Pois é, dava! (risos) Mas foi ótimo, porque percebi o seguinte: eu é que deveria ter saído antes, sabe? Não acho que a música que eu faço seja tão inviável assim. Mas foram 30 anos de bons relacionamentos na Warner. Tanto que, quando fui renovar o contrato e eles me disseram "olha, Nando, não dá", admito que fiquei um tanto chocado, tomei um susto.
NANDO REIS - Trinta anos enganando o público não deve ser fácil...
(risos) Pensei: "O que vou fazer agora?" Mas fui sondado por outras gravadoras e tive tempo de ver que a independência, neste momento, podia ser bastante interessante. Até porque o modelo começava a ficar insustentável, mordendo fatia de lucro dos shows – que é algo que eu não posso aceitar.
NANDO REIS - Aí você aproveitou a liberdade e foi gravar em Seattle, com o Jack Endino, que já produziu Nirvana e Soundgarden. Por que?
Porque ele mora lá, eu queria um produtor como ele, na cidade dele, no estúdio dele. E foi caro, viu? Mas um ponto importante é que eu preciso estar muito concentrado para iniciar um processo de gravação. Como a minha banda, Os Infernais, fica no Rio, para mim é ótimo, porque tenho a chance de sair de casa, de cidade... Só que, desta vez, eu queria tirar também a banda do ambiente dela.
NANDO REIS - E como é o seu relacionamento com Os Infernais?
Nossa, eu amo essa banda! Ela está com sua formação mais vibrante, a que mais me empolga. Pela relação que temos uns com os outros, pelo som no palco, pela revelação que foi ver como cada um deles tocou na gravação desse novo trabalho.
NANDO REIS - Depois de 30 anos de estrada, está onde imaginava estar?
Nunca fiz esse tipo de projeção. Embora sempre tivesse desejo de fazer o que faço. Desde pequeno. Como todo desejo, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Gosto, sim, do lugar que ocupo hoje. Mas penso também na qualidade do que eu faço. E estou entre os dez que mais arrecadam direitos autorais no País. Acho isso tão bizarro...
NANDO REIS - Por que?
Acho realmente intrigante. Claro, as pessoas me gravam. Mas... não sei. Talvez tenha a ver com a colcha que eu costurei durante esses anos todos. Nessa conta tem muita participação do meu trabalho com o Skank, por exemplo. Sou parceiro do Samuel (Rosa), e o Skank é muito mais constante nas paradas de sucessos, com músicas que eu compus, do que as minhas próprias canções. Às vezes, acho espantoso. Em outras, concluo que tenho qualidade, estou onde estou porque trabalhei muito, sou um cara dedicado, gosto do que faço.
NANDO REIS - Foi a tranquilidade financeira de ser um top ten do Ecad que permitiu investir no projeto atual?
Estou dando um destino perfeito para o que arrecado com os direitos autorais: meu trabalho. Porque, como eu disse, meu negócio é fazer discos, gravar as músicas que fiz e apresentá-las ao público – que é quem faz essa roda girar. Este disco que está na internet tem 15 composições inéditas e uma delas, Sei, está fazendo muito sucesso nas rádios. Não há nada melhor do que investir no próprio negócio.
NANDO REIS - Como vê a atual discussão sobre direitos autorais na internet?
Não entendo como alguém pode achar que direito autoral não deve ser pago na internet, só porque o conteúdo tem de circular livremente. Existem bilionários na rede que se fizeram graças às ferramentas de circulação de conteúdo. Mas, minha música faz parte desse tal conteúdo. Então, não me venham com essa, de que tenho de ceder meus direitos em prol da democracia. Democracia é o c...! Democracia não é nada disso!
NANDO REIS - E como acha que deveria ser?
Olha, na era digital, as músicas tinham de ter um código de barras, e cada rádio devia ter um decodificador, e cada vez que um sujeito tocasse a música, deveria pingar dinheiro em algum lugar. Então, aquele autor, que tem uma canção só, que toca uma vez no sertão, deveria ganhar de forma proporcional. Porque, hoje, é por amostragem, um negócio complicadíssimo, que tende mesmo à distorção. É muito injusto. É preciso investir em tecnologia para resolver esse problema.
NANDO REIS - O que é sucesso pra você?
Putz, eu penso em sucesso de uma forma diferente do que as pessoas pensam. Por exemplo, há músicas que eu compus e que simplesmente não aconteceu nada com elas, embora eu achasse que fossem ser grandes sucessos. Claro que, na maioria das vezes, tenho noção do que vai se tornar hit – por causa do ritmo, do refrão. Embora eu adore quando essas fórmulas são transgredidas. Legião Urbana é um excelente exemplo do que eu estou falando: imagina uma música de nove minutos, como Faroeste Caboclo, tocando em todas as rádios! O sucesso é misterioso.
NANDO REIS - Trabalha contra a fórmula?
Tento, mas nem sempre dá certo. Porque, às vezes, a música pede um formato consagrado. Essa canção da qual eu falei, Sei, é interessante. Tem três minutos e meio, que é um tamanho-padrão do mercado. Porém, não tem refrão. Mas eu não pensei em fazê-la sem refrão, não foi algo intencional. Acho que todas as músicas deveriam ter a chance de tocar as pessoas. E é isso que eu tento fazer nos meus shows. Há hits que eu toco para o público e que não foram grandes sucessos de rádio. Como Relicário, All Star e Pra Você Guardei o Amor, músicas com letras complexas. Pois são cantadas a plenos pulmões nos shows. Isso é o que eu chamo de sucesso.
NANDO REIS - Tem ídolos?
Ídolos porque, quando eu era jovem, os idolatrei: Gil, Caetano e os Novos Baianos. Hoje, não os idolatro, mas os coloco na posição de formadores da estrutura do meu gosto.
NANDO REIS - Então, deve ter sido emocionante ter um texto do Gil apresentando seu novo CD.
Fiquei honradíssimo, foi um elogio. Achei graça da forma como ele escreveu, das coisas que revelou, incluindo o desconhecimento do meu trabalho. Achei lindo o fato de ele ter ouvido meu disco, sabe? Fiquei extremamente lisonjeado. Porque o Gil é fenomenal, um cara brilhante.
NANDO REIS - Você é perfeccionista?
Em algumas coisas, sou muito empenhado, tenho rigor. Em outras, tenho uma intencional displicência, para manter um grau de humanidade, de precariedade, que me interessa. Sou perfeccionista e imperfeccionista.
NANDO REIS - Continua fazendo análise?
Parei, temporariamente.
NANDO REIS - Resolveu se dar alta?
Não... pulei o muro do hospício (risos). Tô refugiado. Fiz análise durante muitos anos. Minha mulher é psicanalista, meus filhos fazem análise. Acredito na ideia de que é melhor saber do que não saber.
NANDO REIS - Com cinco filhos, sua casa é do tipo que vive cheia?
Pois é... estou casado outra vez com Vânia, que é mãe de meus quatro filhos mais velhos. Theodoro tem 26 anos e uma filha, Luzia. Sophia tem 24 anos e está morando, temporariamente, comigo. Sebastião, de 17, e Zoe, de 13, moram comigo e também com a Vânia... É que, embora casados, a gente vive em casas separadas. Eu viajo muito. Às vezes, a casa fica vazia; outras, está cheia, todo mundo aqui. O importante é que eu tenho uma família e convivo muito bem com ela. Meu quinto filho é o Ismael, que mora no RS, com a mãe, a Nani. Tem 6 anos e viaja muito comigo e com a banda. É todo mundo muito amigo – algo muito singular, uma fórmula que funciona pra gente.
NANDO REIS - Apesar de passar muito tempo longe, por causa dos shows, e de ter essa família fora dos padrões, você se considera um bom pai?
Acho que sou um ótimo pai. Pelo princípio que define pai e mãe: a relação amorosa de admiração e respeito pelos filhos. Tenho interesse por eles, gosto deles. Quando o Theo nasceu, em 1986, eu tinha 23 anos, era muito jovem. Hoje, estou entrando na minha quarta adolescência, a da Zoe. Assim como indivíduo, como pai eu também me desenvolvi. Acho que fui um bom pai até quando agi mal, como um pai real. Ser um bom pai é ser um pai verdadeiro, uma pessoa verdadeira. E isso eu sou.
NANDO REIS - É melhor ser adolescente hoje ou na época em que você era adolescente?
Se é melhor hoje do que nos anos 80? Não. Quer dizer, tem muita coisa igual, que pertence ao fato de você ser adolescente. Mas, hoje... é muito mais violento. Na minha época não era assim. Não estou glamurizando os anos 80, não! Mas hoje está muito pior. Tem muita gente no mundo e, como o mundo não sabe o que fazer com tanta gente, as pessoas vivem mal e ficam tentando tomar as coisas umas das outras. Claro que hoje existem milhares de coisas que essa garotada adora... Imagina se eles conseguem viver num mundo sem computadores.
NANDO REIS - Não curte computador?
Não é isso. É que gostava muito também do mundo sem computadores (risos).

Oscar Niemeyer


Vladimir Safatle

Carta Capital

Aos 104 anos, faleceu Oscar Niemeyer. Nenhum artista brasileiro foi reconhecido, de maneira praticamente unânime por seus pares em todo o mundo, como referência absoluta e incontornável. Nenhum, a não ser Niemeyer. Isso não é acaso nem algo desprovido de relevância.
Não se trata de uma questão de sucesso, mas de consciência da força de sua linguagem e da originalidade de suas escolhas. Com Niemeyer, o modernismo alcançou uma audácia formal, que dificilmente encontrará em arquitetos como Le Corbusier, Walter Gropius, Frank Lloyd Wright ou Mies van der Rohe. Ele foi aonde todos esses nomes maiores, que moldaram a nossa sensibilidade, não conseguiram chegar. Sua vida longa e produtividade constante lhe permitiram ser aquele que levou o modernismo ao extremo, mostrando como poderia ser o portador de uma experiência renovada de liberdade da ideia. Experiência de reconciliação entre a clareza formal de quem seguiu à risca o ensinamento de Adolf Loos (Ornamento e Crime) e a organicidade de quem procura aproximar a arquitetura da imitação da sinuosidade dos gestos humanos.
Por unir clareza e organicidade, suas obras conseguem o feito de ser monumentais e humanas. Mas “humanas” não no sentido daquilo que perpetua as ilusões burguesas do acolhimento da intimidade da home. Acolhimento que parece nos alienar definitivamente na crença de que nosso lugar natural é o espaço privado cheio de memorabilias. “Humanas” no sentido deste desejo humano, demasiadamente humano de retornar aos gestos primordiais e encontrar, neles, uma força construtiva inaudita.
Na verdade, se uma ideia pudesse sintetizar a obra de Niemeyer, talvez fosse a ausência de medo. Nossas cidades parecem ter medo do vazio, dos espaços infinitamente abertos, da visão desimpedida, das formas improváveis que têm a força de dobrar o concreto armado, ou seja, da inventividade que parece se comprazer em negar toda a forma que se põe como necessária. Niemeyer não tinha medo de nada. Quantas vezes ele deve ter exasperado engenheiros que viam suas formas e pensavam: “Mas isso não pode ficar suspenso dessa forma. Mas não é possível deixar isso em pé”. E pur si muove!, como dizia Galileu.
Como se não bastasse a inventividade de sua obra e a coragem de suas escolhas, quis o destino que Niemeyer fosse a expressão artística mais bem-acabada do desejo brasileiro de modernidade. Ele soube dar forma ao desejo de seu país de olhar para dentro de si e romper com o que parecia aprisioná-lo em definitivo no século XIX.
Nesse sentido, há de se pensar em certas correlações próprias ao mundo da arquitetura. Como a mais pública das artes, aquela que mais claramente tem a capacidade de reorganizar a experiência do espaço, a arquitetura parece destinada a nos ensinar como o poder constrói. Não é um acaso, por exemplo, que todos os regimes totalitários tenham sempre se associado, em algum nível, ao neo-classicismo. O mesmo neoclassicismo que coloniza nossas cidades brasileiras atuais com seus empreendimentos imobiliários saídos da cabeça de um Albert Speer, tropical, travestido de construtor de sonhos de opulência da elite local.
Também não é um acaso que tenha sido contra o ­neoclassicismo e os vínculos arquitetônicos coloniais que o desejo de modernidade dos brasileiros se afirmou. Nesse sentido, Brasília, a cidade que Niemeyer construiu, juntamente com Lucio Costa, injustamente incompreendida por setores da sociedade brasileira, foi a expressão de que não há desenvolvimento possível sem o desejo de reinvenção de nossas formas de vida e de reorganização a partir do caráter igualitário da ideia.  Durante certo tempo, tal igualitarismo conseguiu se sustentar. Até que foi definitivamente vencido pela especulação imobiliária e pelo desinteresse do poder público em sustentar tal realidade.
Por isso, gostaria de terminar este texto com uma consideração de ordem pessoal. Vivi em Brasília durante toda a minha infância e, por essa razão, sempre quis um dia agradecer a Oscar Niemeyer pela infância que ele, involuntariamente, me deu. Uma infância sem medo, sem grades, sem muros. Infância de quem cresce diante da imensidão de espaços vazios, capaz de acolher, sem violência, o vazio silencioso da natureza do cerrado. Um espaço de olhares desimpedidos, onde os elevadores davam diretamente para as ruas. Um tempo onde aprendi a beleza da igualdade e o prazer de ver todo espaço como um espaço comum. Ironia suprema: em pleno centro de decisão da ditadura, parecia possível ter uma infância comunista (ao menos no sentido de Niemeyer). Nada estranho para alguém capaz de construir um monumento que estiliza a foice e o martelo (o Memorial JK) nas barbas dos generais da ditadura. Por tudo isso, gostaria apenas de dizer: “Obrigado, Niemeyer. Suas ideias ajudaram a moldar nossas vidas”.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Genialidade de Oscar Niemeyer


Perda lamentável para o Brasil com a morte de seu maior arquiteto, Oscar Niemeyer.
Confira abaixo algumas de suas obras.








terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lenda da guitarra, Jimi Hendrix completaria 70 anos nesta terça

Jornal do Brasil


Todo guitarrista, querendo ou não, tem um pouco de Jimi Hendrix. Seja nas caretas, no jeito de pressionar os pedais ou na hora de se ajoelhar durante um emocionante solo, James Marshall Hendrix, conhecido como Jimi Hendrix, semeou em todos os guitarristas um pouco do seu estilo inventivo. Nascido em Seattle, em 27 de novembro de 1942, Jimi Hendrix completaria 70 anos de idade nesta terça-feira se estivesse vivo. Jimi morreu no dia 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, em Londres. 
Embora as circunstâncias tenham sido plenamente esclarecidas, é sabido que o guitarrista morreu asfixiado em seu próprio vômito após ingerir uma grande quantidade de vinho e remédios para dormir. Jimi Hendrix nasceu em Seattle, nos Estados Unidos, e teve sua infância profundamente afetada por problemas familiares que culminaram no divórcio de seus pais, em 1951. Seu primeiro contato com um instrumento de cordas veio em 1958, quando ganhou um ukulele no mesmo ano da morte de sua mãe, fato que o abateu bastante. Seu primeiro violão veio pouco tempo dois. Mais velho, Hendrix se alistou no exército como paraquedista no Tennessee. Após uma fratura no tornozelo recebeu dispensa médica. 
Jimi morreu no dia 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, em Londres
Jimi morreu no dia 18 de setembro de 1970, aos 27 anos, em Londres
Seguindo sua grande paixão pela música, o guitarrista tocou com diversas bandas locais até entrar definitivamente no mercado, em 1965. Uma das suas primeiras bandas foi Jimmy James and the Blue Flames, que tocava frequentemente em um café em Nova York. E foi lá que Hendrix foi descoberto por Chas Chandler, baixista da banda britânica The Animals, que o levou até a Inglaterra para conhecer mais pessoas do meio musical e finalmente montar o The Jimi Hendrix Experience ao lado do baixista Noel Redding e do baterista Mitch Mitchell. Suas primeiras apresentações em Londres logo colocaram a cena musical de pernas para o ar. 
Guitarristas célebres locais, como Eric Clapton, Jeff Beck e Pete Townsend falavam sobre o "forasteiro" de técnica invejável. Em 1967 foi lançado o álbum Are You Experienced?Foxy LadyManic DepressionRed HouseFirePurple HazeHey Joe e outras músicas viraram referências instântaneas para os novos grupos britânicos e invadiram as rádios. No mesmo ano lançaram Axis: Bold as Love, que geralmente fica na "sombra" de seus outros álbuns, mas possui destaques como a bela Little Wing e If 6 Was 9. 
No ano seguinte, a rotina de shows pela Europa em combinação com brigas com Noel Redding e abuso de drogas e álcool fizeram com que o trio começasse a desabar. Hendrix chegou a ser preso pela polícia de Estocolmo, na Suécia, após um ataque de fúria que desencadeou na destruição completa de um quarto de hotel. Em 1968 saiu Electric Ladyland, um álbum duplo, com mais experimentalismos e peças como Voodoo Child e uma versão para All Alogn the Watchtower, de Bob Dylan. 
O perfeccionismo de Hendrix no estúdio - há quem diga que a música Gypsy Eyes teve 43 tomadas - e seu temperamento explosivo influenciado pelas drogas tenha abalado sua relação com Chas Chandler, que pediu demissão e vendeu sua parte para Michael Jeffery. Biógrafos apontam que a influência de Jeffery tenha sido ruim para o guitarrista e que ele tenha desviado grandes quantias de dinheiro do guitarrista para contas no exterior. Enquanto Jimi avançava musicalmente para uma vanguarda jamais explorada, seu relacionamento com a banda se desfez. Em 1969 a banda Experiene terminava. Em maio daquele ano, Hendrix foi preso novamente após uma grande quantia de heroína ter sido descoberta em sua bagagem no aeroporto de Toronto, no Canadá. 
Em agosto, o guitarrista montou uma nova banda, Gypsy Suns and Rainbows, para fazer parte do festival de Woodstock. O grupo ficou formado com Jimi Hendrix na guitarra, Billy Cox no baixo, Mitch Mitchel na bateria, Larry Lee na guitarra de apoio e Jerry Velez e Juma Sultan na bateria e percussão. O show, que se tornou um dos mais famosos de sua história, mostra Hendrix visivelmente alterado, mas extremamente inspirado ao tocar uma versão instrumental de The Star Spangled Banner, o hino nacional dos Estados Unidos. 
Sua versão distorcida do hino se tornou uma declaração pela inquietude e insatisfação da juventude contra a sociedade norte-americana. O Gypsy Suns teve vida curta, e Jimi logo formou o trio Band of Gypsys,Billy Cox no baixo e Buddy Miles na bateria.Em 1970 veio o lendário show do festival de Isle of Wight, onde tocou com Mitchell e Cox. 
Morte
Jimi Hendrix morreu em 18 de setembro de 1970. O guitarrista passou parte da noite anterior em uma festa com a namorada Monika Dannemann. Depois disso, ambos foram ao hotel Sammarkand, em Notting Hill. Em seu depoimento, a namorada do guitarrista disse que ele havia tomado nove comprimidos para dormir. Hendrix se asfixiou em seu próprio vômito após ingerir uma grande quantidade de vinho em soma aos comprimidos. As dezenas de versões sobre a morte do guitarrista ganham novas versões ao longo dos anos. James "Tappy" Wright, autor do livro Rock Roadie, chega a apontar que Hendrix teria sido assassinado. Ele escreve que um grupo teria invadido o quarto a pedido do empresário Michael Jeffery e forçado o músico a tomar aquela grande quantidade de álcool e as pílulas. O empresário teria ainda uma apólice de seguro em nome do guitarrista no valor de US$ 2 milhões. Jeffery morreu em 1973 vítima de um acidente de avião. 

sábado, 24 de novembro de 2012

Espírito motivador


Carta Capital

O Contestado – Restos Mortais
Sylvio Back

Contestado – Restos Mortais, novo documentário de Sylvio Back em cartaz a partir da sexta 23, deve ser visto à luz de um passado para que melhor se compreenda sua dimensão. Não do fato histórico apontado pelo título, o conflito entre Paraná e Santa Catarina envolvendo caboclos e forças do governo entre 1912 e 1916, mas do próprio cineasta. O tema é motivo recorrente de sua cinematografia e interesse desde 1970, quando filmou A Guerra dos Pelados, em forma de ficção.
Contexto messiânico. O Contestado, drama e realidade. Foto: Claro Jansson
Torna-se significativo no contexto um outro documentário, O Autorretrato de Bakun, que antecipa o expediente mais controvertido deste agora. Como lá, Back recorre a médiuns para que exponham em transes as mensagens de mortos pela sangrenta guerra.
Quando Contestado foi exibido em Gramado, em 2010, o recurso gerou dúvidas se não seria encenação. Back confirmoua a veracidade, mas tratou a concepção do filme como mescla de ficção e parte documental.

sábado, 17 de novembro de 2012

Caetano, Seu Jorge e Jesse & Joy roubam cena em Grammy Latino

Jornal do Brasil


O cantor Caetano Veloso, nomeado a Personalidade do Ano pela Academia Latina da Gravação, compartilhou o Grammy Latino de melhor álbum de música popular brasileira com Gilberto Gil e Ivete Sangalo por Especial Ivete, Gil e Caetano. A 13ª edição do Grammy Latino aconteceu na quinta-feira (15) em Las Vegas, nos Estados Unidos.
Na categoria melhor álbum de rock, o prêmio foi para Beto Lee, pelo trabalho Celebração & Sacrifício. Só Danço Samba Ao Vivo, de Emílio Santiago, foi o contemplado na categoria melhor álbum de samba/pagode.
O álbum Músicas para Churrasco - Vol. 1, de Seu Jorge, levou o prêmio de melhor álbum pop contemporâneo brasileiro no Grammy Latino, em cerimônia realizada nesta quinta-feira (15) em Los Angeles. O cantor concorria com trabalhos de Mart'nália, Rita Lee, Zélia Duncan e Céu.
Os irmãos mexicanos que compõem o grupo Jesse & Joy foram os grandes vencedores do Grammy Latino, que os premiou com quatro fonógrafos dourados.
Paula Lavigne, Caetano Veloso e Sônia Braga durante a premiação
Paula Lavigne, Caetano Veloso e Sônia Braga durante a premiação
O tema ¡Corre! foi nomeado a melhor gravação e a melhor canção do ano, e o disco Con quién se queda el perro? foi eleito o melhor álbum vocal pop contemporâneo. A dupla da Cidade do México também levou um fonógrafo dourado por melhor vídeo musical curto (Me voy).
Juanes levou nesta noite os prêmios de melhor álbum do ano e melhor vídeo musical longo, ambos por seu MTV Unplugged. Com isso, o cantor colombiano se tornou o artista latino com mais fonógrafos dourados em sua estante, um total de 20 entre o Grammy Latino e o Grammy anglo-saxão.
Já o dominicano Juan Luis Guerra, que fora nomeado em seis categorias, o número máximo desta edição, venceu como melhor produtor do ano e melhor álbum do ano, os dois pelo MTV Unplugged de Juanes.
Os mexicanos do grupo 3Ball MTY venceram na categoria artista revelação com o álbum Inténtalo.
Além de Jesse & Joy, voltaram para casa com mais de um fonógrafo dourado a também mexicana Carla Morrison, o cubano Arturo Sandoval e o portorriquenho Don Omar.
Também se enquadram nesta categoria os uruguaios do El Cuarteto de Nos, que dominaram os prêmios destinados ao rock ao vencer como melhor álbum de pop/rock (Porfiado) e melhor canção de rock (Cuando sea grande).
Os mexicanos do Molotov foram os vencedores da categoria álbum de rock (Desde Rusia con amor), enquanto Carla Morrison foi premiada por Déjenme Llorar como melhor canção alternativa e melhor álbum de música alternativa.
A dominicana Milly Quezada também teve uma grande noite ao ser laureada com o fonógrafo dourado pelo melhor álbum tropical contemporâneo (Aquí estoy yo) e ser a intérprete do tema Toma mi vida", que valeu a Yoel Henríquez e Álex Puentes o prêmio de melhor canção tropical.
O espanhol David Bisbal conquistou o prêmio de melhor álbum vocal pop tradicional (Una noche en el Teatro Real).

domingo, 11 de novembro de 2012

Morre o ator e diretor Marcos Paulo


O Estadão


Aos 61 anos, artista lutava contra um câncer no esôfago; ele morreu ontem à noite em sua casa, no Rio de Janeiro, devido a uma embolia pulmonar


O ator e diretor da TV Globo Marcos Paulo, de 61 anos, morreu ontem à noite, em casa, no Rio de Janeiro, vítima de embolia pulmonar. Ele lutava contra um câncer no esôfago, detectado em maio do ano passado.
O diretor Marcos Paulo em janeiro - Marcelo Bormac/Divulgação
Marcelo Bormac/Divulgação
O diretor Marcos Paulo em janeiro
O ator descobriu a doença durante um exame de rotina e em agosto de 2011 foi submetido a uma cirurgia que se prolongou por dez horas no Hospital São José, em São Paulo. Depois realizou sessões de quimioterapia e radioterapia.
Otimista e tentando não se deixar abater pela doença, ele não gostava de dar entrevistas sobre o assunto e manteve o ritmo de trabalho. Concluiu o filme Assalto ao Banco Central, sua primeira experiência como diretor de cinema, em meio ao drama do combate ao câncer. O filme estreou em 22 de julho de 2011.
"Não consegui fazer drama em cima disso. Resolvi que não ia ficar me escondendo porque câncer não é uma vergonha. É só mais uma batalha, e não é essa que vai me derrubar", disse, em entrevista à revista Época.
Há três semanas, ele havia se submetido a exames que mostraram total remissão do câncer. Foi o quarto exame após a cirurgia e o resultado levou o ator e diretor a concluir que a doença havia sido vencida. Segundo nota do Hospital São José, no Rio, estava tudo sob controle.
Pai de três filhas (Vanessa, com a modelo Tina Serina; Mariana, com Renata Sorrah; e Giulia, com Flávia Alessandra), Marcos Paulo era constantemente fotografado por paparazzi na praia da Barra da Tijuca caminhando com a mulher, Antonia Fontenelle, e aparentava ter recuperado o peso perdido durante o ano passado, por conta do tratamento. Em uma entrevista recente, disse que sua vida era "absolutamente normal".
Com a mulher, que permanecera ao seu lado durante todo o tratamento, Marcos Paulo trabalhava na produção do que marcaria seu segundo filme como diretor. Segundo ele, Sequestrados seria um "thriller policial", com cenas gravadas no Amazonas. O elenco teria Lima Duarte, Milhem Cortaz, Fábio Lago, Vinícius de Oliveira e Eriberto Leão.
Ontem mesmo, Marcos Paulo havia retornado de uma viagem muito cansativa a Manaus.
Paulistano. Marcos Paulo Simões nasceu em São Paulo, em 1º de março de 1951, e foi criado no bairro do Bexiga. Não chegou a conhecer o pai e perdeu a mãe no dia seguinte ao seu nascimento, sendo então criado inicialmente pela avó e depois adotado pelo dramaturgo Vicente Sesso.
Sua primeira novela foi O morro dos ventos uivantes, da TV Excelsior, em 1967, quando ele tinha apenas 16 anos. Passou ainda pela Record e pela Bandeirantes antes de ir para a TV Globo, em 1970. Sua estreia na emissora carioca foi na novela Pigmalião 70, escrita por Sesso. Em seguida trabalhou em Próxima Atração (1970), Minha Doce Namorada (1971) e O Primeiro Amor, quando interpretou seu primeiro vilão - Rafa, líder de uma gangue de motociclistas.
Em 1978, Marcos Paulo passou cinco meses nos EUA fazendo um curso de direção. Estreou como diretor no mesmo ano, na novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, ao lado de Dennis Carvalho e José Carlos Pieri. Também ajudou a dirigir Roque Santeiro, em 1985, e outras novelas, como Brilhante, de 1981.
Ainda assinou a direção-geral de várias produções da Globo, com destaque para Fera Ferida (1993), A Indomada (1997) e Porto dos Milagres (2001). / COLABOROU CRISTINA PADIGLIONE