O Estadão
Aos 61 anos, artista lutava contra um câncer no esôfago; ele morreu ontem à noite em sua casa, no Rio de Janeiro, devido a uma embolia pulmonar
O ator e diretor da TV Globo Marcos Paulo, de 61 anos, morreu ontem à noite, em casa, no Rio de Janeiro, vítima de embolia pulmonar. Ele lutava contra um câncer no esôfago, detectado em maio do ano passado.
Marcelo Bormac/Divulgação
O diretor Marcos Paulo em janeiro
O ator descobriu a doença durante um exame de rotina e em agosto de 2011 foi submetido a uma cirurgia que se prolongou por dez horas no Hospital São José, em São Paulo. Depois realizou sessões de quimioterapia e radioterapia.
Otimista e tentando não se deixar abater pela doença, ele não gostava de dar entrevistas sobre o assunto e manteve o ritmo de trabalho. Concluiu o filme Assalto ao Banco Central, sua primeira experiência como diretor de cinema, em meio ao drama do combate ao câncer. O filme estreou em 22 de julho de 2011.
"Não consegui fazer drama em cima disso. Resolvi que não ia ficar me escondendo porque câncer não é uma vergonha. É só mais uma batalha, e não é essa que vai me derrubar", disse, em entrevista à revista Época.
Há três semanas, ele havia se submetido a exames que mostraram total remissão do câncer. Foi o quarto exame após a cirurgia e o resultado levou o ator e diretor a concluir que a doença havia sido vencida. Segundo nota do Hospital São José, no Rio, estava tudo sob controle.
Pai de três filhas (Vanessa, com a modelo Tina Serina; Mariana, com Renata Sorrah; e Giulia, com Flávia Alessandra), Marcos Paulo era constantemente fotografado por paparazzi na praia da Barra da Tijuca caminhando com a mulher, Antonia Fontenelle, e aparentava ter recuperado o peso perdido durante o ano passado, por conta do tratamento. Em uma entrevista recente, disse que sua vida era "absolutamente normal".
Com a mulher, que permanecera ao seu lado durante todo o tratamento, Marcos Paulo trabalhava na produção do que marcaria seu segundo filme como diretor. Segundo ele, Sequestrados seria um "thriller policial", com cenas gravadas no Amazonas. O elenco teria Lima Duarte, Milhem Cortaz, Fábio Lago, Vinícius de Oliveira e Eriberto Leão.
Ontem mesmo, Marcos Paulo havia retornado de uma viagem muito cansativa a Manaus.
Paulistano. Marcos Paulo Simões nasceu em São Paulo, em 1º de março de 1951, e foi criado no bairro do Bexiga. Não chegou a conhecer o pai e perdeu a mãe no dia seguinte ao seu nascimento, sendo então criado inicialmente pela avó e depois adotado pelo dramaturgo Vicente Sesso.
Sua primeira novela foi O morro dos ventos uivantes, da TV Excelsior, em 1967, quando ele tinha apenas 16 anos. Passou ainda pela Record e pela Bandeirantes antes de ir para a TV Globo, em 1970. Sua estreia na emissora carioca foi na novela Pigmalião 70, escrita por Sesso. Em seguida trabalhou em Próxima Atração (1970), Minha Doce Namorada (1971) e O Primeiro Amor, quando interpretou seu primeiro vilão - Rafa, líder de uma gangue de motociclistas.
Em 1978, Marcos Paulo passou cinco meses nos EUA fazendo um curso de direção. Estreou como diretor no mesmo ano, na novela Dancin’ Days, de Gilberto Braga, ao lado de Dennis Carvalho e José Carlos Pieri. Também ajudou a dirigir Roque Santeiro, em 1985, e outras novelas, como Brilhante, de 1981.
Ainda assinou a direção-geral de várias produções da Globo, com destaque para Fera Ferida (1993), A Indomada (1997) e Porto dos Milagres (2001). / COLABOROU CRISTINA PADIGLIONE
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