Costruzione Di Me
Este blog destina-se ao registro de vídeos e textos, meus e de outros que se interessem em colaborar, assim como à notícias sobre cultura. Boa leitura!
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Geografando o 6: A Capacidade de Cada Um
Geografando o 6: A Capacidade de Cada Um: Eis dois vídeos que mostram a importância do professor para a sociedade e sua formação: a campanha do governo federal e, mais significativa...
Soneto Do Amigo
Vinícius de Moraes
Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica..."
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica..."
quarta-feira, 8 de maio de 2013
Estou Procurando o que Fazer...: Governo rosa vai ter secretaria da Paz e aumento ...
Estou Procurando o que Fazer...: Governo rosa vai ter secretaria da Paz e aumento ...: do Blog de Gustavo Matheus Reforma: Rosinha aumenta salários e secretarias Por Gustavo Matheus, em 07-05-2013 - 16h13 Nov...
quarta-feira, 16 de janeiro de 2013
Obra da política ou escolha artística?
Gabriel Bonis
Carta Capital
A Hora Mais Escura concorrer a cinco Oscars, incluindo melhor filme. Foto: Divulgação
Em Hollywood, não há dúvidas sobre o conservadorismo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável por uma das mais importantes premiações do cinema mundial, o Oscar. Exemplos não faltam. O mais recente era a escolha de Crash, em 2006, como melhor filme, enquanto as apostas voavam alto no romance de temática homossexualBrokeback Mountain, de Ang Lee. A escolha que parecia óbvia aos críticos não venceu porque envolvia delicadas questões de gênero. E a Academia abomina polêmicas.
Mas trouxe para si um bom punhado delas ao, por razões de origem bem distintas, ignorar Kathryn Bigelow e Ben Affleck, tidos como indicações garantidas na categoria de melhor diretor. Ao abordarem, em temas diferentes, a atuação da CIA, serviço secreto dos Estados Unidos, ambos ficaram de fora da disputa. No caso de Bigelow, única mulher a vencer nesta categoria por Guerra ao Terror, fica mais que evidente a intimidação política do Congresso dos EUA.
Em A Hora Mais Escura, que narra a caçada do governo norte-americano ao terrorista Osama bin Laden, a diretora retrata uma CIA que tortura impunemente como forma de buscar informações. Já Argo aborda a tensa relação dos EUA com o Irã com o islamismo em plano de fundo. Em ambos os casos, os críticos cinematográficos tecem dezenas de motivos para justificar a presença da dupla entre os indicados.
O mais evidente deles é a vitória de Affleck como melhor diretor e filme no Globo de Ouro, no domingo 13, categorias em que Bigelow também concorria. Mas como alguém pode vencer um Globo de Ouro e ser esnobado pelo Oscar? A resposta está na forma como a escolha dos indicados ocorre na segunda premiação. Os cerca de 6 mil membros da Academia, profissionais de todos os setores da indústria, votam nos candidatos de sua área. Todos escolhem o melhor filme. Então, ambos foram ignorados por seus pares, os diretores. No Globo de Ouro, quem decide os premiados são os integrantes da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood.
A situação de Bigelow é mais clara. A Hora Mais Escura despertou tanta polêmica que em dezembro os senadores Dianne Feinstein, Carl Levin e John McCain, candidato republicano à presidência em 2008, enviaram à Sony, estúdio do filme, uma carta denunciando a produção como “grosseiramente irreal e ilusória ao sugerir que o resultado de tortura levou à localização de Bin Laden”.
Na carta, os congressistas disseram-se desapontados com a forma como a CIA é mostrada, o que inclui oficiais em cenas de tortura de prisioneiros responsáveis por informações vitais na localização do ex-líder da rede terrorista al-Qaeda. Os congressistas disseram ter tido acesso às gravações do serviço secreto, motivo pelo qual garantem serem irreais as cenas do filme. “Acreditamos que você [presidente do estúdio] tem a obrigação de declarar que o papel da tortura na caçada a Osama bin Laden não é baseado nos fatos”, diz o texto.
Os protestos se concentram em supostas falhas de contexto do filme, às quais o roteirista Mark Boal (indicado ao Oscar pelo filme) respondeu não ser “tratar de um documentário, e nas cenas de interrogatórios com simulações de afogamento de membros da al-Qaeda.
Os oficiais que participaram das sessões não são punidos ou questionados por suas ações. Os críticos esperavam uma cena de repreensão a este tipo de comportamento ou, ao menos um paralelo ao que desencadeou a busca por Bin Laden: os ataques de 11 de setembro. Isso não ocorreu, e Bigelow foi chamada por alguns veículos de imprensa de nazista.
A diretora despertou também a ira de alguns atores. Ed Asner, Martin Sheen e David Clennon enviarão uma carta para “conscientizar” os membros da Academia antes da votação que definirá os vencedores. Em uma das partes, a mesagem diz: “esperamos que A Hora Mais Escura não seja honrada pelos membros da Academia”. O recado é claro.
Outro aviso vem do Senado. O filme começa com o alerta de que é “baseado em fatos de primeira mão sobre os verdadeiros eventos”. Por isso, o Comitê de Inteligência da Casa investiga quem poderia ter vazado informações à diretora e o roteirista do filme. Entre os suspeitos, está um diretor da CIA que se encontrou com a dupla.
Parte da imprensa saiu em defesa do filme. Em artigo na Foreign Policy, Laura Pitter, conselheira de contraterrorismo da ONG norte-americana Human Rights Watch, destacou que a produção “pega muito leve” com a CIA. Segundo um levantamento feito por ela para a organização, o tipo de prática mostrada (e outras mais brutais) são comuns na agência.
O trabalho cita a entrevista com cinco líbios opositores do regime de Muammar Kaddafi detidos pela CIA entre 2000 e 2005, quando a cassada a Bin Laden já estava em vigor. Eles relataram que durante a custódia dos EUA, que variou de oito meses a dois anos, foram acorrentados nus a paredes em celas apertadas e escuras por semanas, além de serem repetidamente atirados contra as paredes, espancados e colocados em posições dolorosas durante dias. Alegaram ainda terem passado fome, ficado incomunicáveis com suas famílias e expostos a músicas em volumes altos para que não pudessem dormir. Documentos revelaram que um procedimento para colocar um dos prisioneiros, sabidamente com medo de insetos, em uma cela com estes bichos foi aprovado.
Houve ainda relatos das simulações de afogamento mostradas no filme. Um dos presos passou por ao menos 183 sessões deste tipo. Seria a produção tão fora da realidade? O fato é que desde a revelação em 2004 dos abusos cometidos por soldados americanos na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, contra prisioneiros iraquianos o governo procura rebater mais firmemente acusações de tortura.
À época, foram divulgadas fotografias de torturas e humilhações impostas aos presos que variavam de estupro a eletrocução e ataques de cachorro. O comportamento fazia parte da Doutrina Bush de combate ao terror, que incluia uma tolerância e até incentivo à tortura de suspeitos de terrorismo nas prisões da CIA ou em locais fora do território americano. Anos depois, em 2008, um relatório do Senado culpou os profissionais da cúpula do governo de George W. Bush pelos abusos.
O filme de Affleck, sobre o resgate de seis diplomatas americanos em Teerã, no Irã, após a invasão da embaixada dos EUA no país em 1979, também é crítico ao governo. Produzido, entre outros, por George Clooney, Argo culpa os EUA pela situação de tensão política no Irã que levou a depredações antiamericanas e à retomada do poder pelos aiatolás.
Em meio ao lobby antiBigelow, os membros da Academia têm a chance de dar a A Hora Mais Escura o maior prêmio do evento. Seria uma das poucas vezes em que o diretor do melhor filme não levaria estatueta em sua categoria, mas também uma resposta singela à intimidação. Uma reação que parece já ter sido iniciada pelo público: o filme estreou em 11 de janeiro na liderança da bilheteria norte-americana com 24 milhões de dólares. É mais que o total arrecadado em toda a trajetória de Guerra ao Terror.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
Ricardo Cravo Albin: MPB nas escolas
O Dia
Rio - Nada mais estimulante que a história da música popular do Brasil para definir as várias qualificações da alma do povo miscigênico que nós somos. Tanto as letras das músicas quanto a diversidade inebriante de seus ritmos permitem a qualquer pessoa um mergulho em profundidade na alma poliforme e descontraída, alegre ou romântica, cafusa ou mulata, simples ou por vezes mais sofisticada desta nossa quase “civilização tão própria e original” que representa a nação.
De mais a mais, e insisto, as letras (sobretudo elas) inferem toda uma conexão muito conveniente da literatura e da história do país, de modo muito direto e muito simples. E nossos ritmos — o cadinho mágico dos gêneros musicais — exibem opulentamente a magnética magia da ginga, da dança, da sensualidade, e até da ingenuidade de um povo argamassado quer pela mistura dos três raças formadoras (a índia, a branca e a negra), quer pela capacidade de surpreender ao absorver e amalgamar os estrangeirismos que nos chegam além das fronteiras, deglutindo-os com uma sofreguidão criativa inebriante e quase sempre surpreendente.
Até porque, para que as crianças do primeiro grau possam por ela se interessar, é necessário — eu diria obrigatório — que a verdade do que existe hoje em MPB possa ser exemplarmente qualificada. Se agora nós temos o que temos é porque tivemos origem e fôlego para chegar até aqui. Bem ou mal. A meu ver muito bem.
Por tudo isso, clamo de há muito que não há nada mais eficaz do que ensinar-se nas escolas municipais do país esta história. Mas, vejam bem, a saga da MPB, a sua história, essa linda e maturada trajetória que nos povoa há séculos (sendo que o último, o século 20, foi consolidador e definidor) e que resume como poucas outras a grandeza descontraída da civilização brasileira.
É verdade que aqui e acolá a gente vê e sabe de notícias esparsas de tentativas de introduzir-se a música nas escolas do primeiro grau. Não bastam aulinhas de violão ou de coral. Mas atentem para detalhe importante: é fundamental que se estabeleçam os parâmetros verdadeiros dessa riquíssima história, a de seus míticos personagens e a dos seus principais gêneros musicais, que rolam pelo espaço de dezenas de décadas a fio.
Ricardo Cravo Albin é presidente do Instituto Cultural Cravo Albin
quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Disco de Bob Dylan sai em edição com apenas 100 cópias
Jornaldo Brasil
''Este não é um esquema para ganhar dinheiro. A ponto desse copyrighting é que temos a intenção de fazer algo com ele em algum momento no futuro, mas não era o momento certo para fazer logo após ele [Dylan] lançar Tempest'', uma fonte explicou à revista Rolling Stone.
A gravadora do cantor Bob Dylan, a Sony, decidiu criar a edição bem limitada do álbum de 4 CDs, intitulado The Anniversary Collection 50, para evitar perder o controle das músicas sob regras de direitos autorais da União Europeia.
O álbum conta com 86 faixas ao vivo, assim como músicas gravadas em estúdio por Dylan entre 1962 e 1963, incluindo uma versão inédita de seu clássico Blowin In The Wind.
De acordo com fontes da Sony, a compilação não é para consumo de massa e esse foi o jeito que a gravadora achou de manter as faixas longe do domínio público.
As 100 cópias foram enviadas para lojas especializadas na Grã-Bretanha, Alemanha, França e Suécia, e o disco raro já está sendo comercializado por cerca de R$ 3,2 mil no eBay.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Mascate do cangaço
Orlando Margarido
Carta Capital
Benjamin Abrahão – Entre Anjos e Cangaceiros
Frederico Pernambucano de Mello
Escrituras, 352 págs., R$45
Quando ao lado do herói de sua façanha, Benjamin Abrahão anotava atentamente as impressões numa caderneta. Em português titubeante, deixava as sentenças menos comprometedoras. Para as que pudessem condená-lo, recorria à língua materna. O sírio emigrado ao Brasil em 1915, que se embrenhou no Nordeste para se tornar dois anos depois comerciante, secretário direto do Padre Cícero e documentarista, era sábio o bastante para não incorrer em faltas com Lampião, a quem acompanhou com uma câmera nos anos 1930. Dessas imagens já se tinha conhecimento, inclusive pelo filme Baile Perfumado (1997),primeira iniciativa a apresentar a figura desse mascate do cinema. No registro literário, chega agora estudo mais completo.
Em Benjamin Abrahão – Entre anjos e cangaceiros, o historiador Frederico Pernambucano de Mello usa escritos pessoais do personagem, inclusive com a tradução de trechos em árabe. Consegue, dessa forma, expor um ponto de vista não só pontual e pessoal do protagonista sobre as atividades e o cotidiano dos bandoleiros, mas iluminar figuras e fatos essenciais. Recolhe, por exemplo, como Abrahão enumerou os ferimentos que o capitão recebeu na lida costumeira, tudo em bom português, enquanto prefere seu primeiro idioma ao confirmar uma queixa e um reconhecimento de força superior por parte de um major que o persegue. Misturará as duas línguas quando faz referências ao cotidiano dos acampamentos, como um Lampião flagrado na máquina de costura.
Assim como faltam páginas no diário de Abrahão, também sua trajetória pessoal tem lacunas. Do momento em que se estabelece em Juazeiro há sempre questões a serem esclarecidas. Nenhuma passagem é mais misteriosa do que sua morte por 42 punhaladas, aos 37 anos. De crime por vingança amorosa, a político, pela vítima saber das ligações entre Estado, rebeldes e fazendeiros ou por ofensa moral a um vendedor, há várias suspeitas. Um quadro para alimentar mitos em um fenômeno histórico que até hoje sobrevive deles.
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